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Estávamos nas periferias do Brasil, construindo ações de solidariedade junto ao povo, realizando a conscientização sobre a pandemia, distribuindo toneladas de cestas básicas, marmitas e materiais de higiene. Foto de D. Vara / Reuters.

A luta de massas não pode mais ser represada

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A esquerda não pode ser freio da indignação. No momento em que a revolta se espalha pelo povo e a indignação ameaça tomar as ruas, o papel dos socialistas é contribuir para a efetividade e segurança do protesto social. Só a mobilização de massas pode nos livrar da catástrofe bolsonarista.

No próximo sábado, dia 29 de maio, entidades estudantis, movimentos sociais, partidos, artistas, estão convocando atos de rua por todo o Brasil. A razão é simples: só superaremos a profunda crise pela qual passa o país com o povo nas ruas.

O agravamento da crise social no governo Bolsonaro – alto índice de desemprego, o aumento da fome e da pobreza, o avanço da desindustrialização, desmonte das políticas sociais, da educação pública, aumento da desigualdade de gênero e do racismo estrutural, associadas às novas variantes do coronavírus, colapso do sistema de saúde, a assustadora marca de 2 mil mortes diárias e sem vacinação massiva – mergulha o país em uma situação gravíssima.

Diante deste cenário de calamidade, é principalmente a juventude, um dos setores mais atingidos pela crise econômica, diretamente atingida pela violação cotidiana de seus direitos e pelo aumento da violência nas periferias, que desperta para a realidade de que para sairmos desse cenário de devastação teremos que derrotar o governo, o principal responsável pela situação em que se encontra o Brasil. E se queremos derrubar esse governo genocida e criminoso, se faz necessário elevar a intervenção da resistência popular na luta de classes. Está disposição para a luta está sintetizada na palavra de ordem #ForaBolsonaro. Os atos do dia 29 de maio estão sendo convocados sob essa bandeira, um marco de unidade nas forças populares e o início de uma nova fase de enfrentamento, com mobilizações de rua presenciais.

A juventude e o povo brasileiro estão indignados. E estão certos em se revoltar. A luta de massas não pode mais ser represada. A vazão desta revolta se encontrará na retomada da ocupação da rua. Essa retomada já se iniciou com a chacina no jacarezinho, na qual 28 pessoas foram assassinadas, confirmando o que temos denunciado há anos: o Estado brasileiro mata a juventude negra nas favelas. No atual contexto de crescente militarização, estimulada pelo governo Bolsonaro, a violência policial só tem aumentado.

Nesse sábado, voltaremos às ruas. Desta vez, denunciaremos também a política de desmonte da educação brasileira. Entendemos que a defesa de um projeto popular de educação não se dissocia de um projeto de país justo, soberano e democrático. Por isso, a luta contra os cortes na educação é uma luta de todo o povo brasileiro. A educação será uma peça chave para a reconstrução do Brasil no pós pandemia – e no pós Bolsonaro.

As universidades públicas têm demonstrado no combate a pandemia sua importância para o desenvolvimento de ciência e tecnologia. A UFRJ, por exemplo, desenvolve duas pesquisas de produção de uma vacina nacional, já em fase de teste pré-clínicos. As universidades federais são responsáveis por atender pacientes vítimas de COVID em seus hospitais universitários e por conduzirem mais de 1.260 pesquisas sobre o coronavírus. Ainda assim, os ataques do bolsonarismo à universidade pública não param. O motivo já ficou óbvio: fazem parte de um projeto de desmonte intencional e generalizado. Não podemos permitir que este governo destrua um patrimônio do povo brasileiro como nossas universidades. 

A esquerda não pode ser freio da indignação. Mais do que nunca, nossa mensagem deve ser de que o povo tem razão em se revoltar. Frente à catástrofe bolsonarista, a rebelião está mais do que justificada. No momento em que a mobilização se intensifica, e a digna raiva tende espontaneamente a tomar as ruas, a esquerda organizada deve ser motor condutor dessa revolta difusa. Seu papel é, sobretudo, de contribuir na construção de atos seguros do ponto de vista sanitário.

Desde o início do isolamento social, os movimentos populares não se mobilizaram para atos massivos. Estávamos nas periferias do Brasil, construindo ações de solidariedade junto ao povo, realizando a conscientização sobre a pandemia, distribuindo toneladas de cestas básicas, marmitas e materiais de higiene. Essa tarefa nos exigiu aprender a estar junto, mas zelando pela saúde da nossa militância e do povo que nos encontrava. Esse acúmulo precisa ser transformado em zelo e cuidado em saúde por aqueles que estarão nas ruas. Recomendamos o uso de máscara PFF2, e que os movimentos se organizem para distribuir onde for possível máscaras, álcool em gel e zelem por distanciamento mínimo, marchando em fileiras e retomando as ruas com a esperança da reconstrução do nosso país.

Não podemos aceitar a morte, a fome, a destruição dos serviços públicos, o desmonte da saúde e educação. Está na hora de disputar as ruas com o bolsonarismo. Este chão é do povo!

Sobre os autores

é vice-presidenta da UNE e militante do Levante Popular da Juventude.

Cierre

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Published in Política and Saúde

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