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As lições da Hungria e do Chile, quando examinamos a atual conjuntura político-eleitoral do Brasil, nos ensinam algo sobre a importância de manter a identidade programática. Foto de Ricardo Stuckert

Os perigos do frente-amplismo

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Impor uma contundente derrota eleitoral ao bolsonarismo é a tarefa mais urgente da esquerda brasileira. Mas o discurso “frente-amplista”, tão popular na imprensa, e sua defesa abstrata da institucionalidade democrática e da normalidade política não passa de uma tática para esvaziar o conteúdo transformador do projeto democrático dos setores populares. Para vencer o fascismo é necessário enterrar também o neoliberalismo.

O desafio de derrotar uma ameaça de retrocesso autoritário tem levado muitos analistas a defender a tese de “frente ampla”, cuja prioridade seria preservar a democracia formal. De acordo com seus defensores, o momento exigiria que todas as forças do campo democrático cedessem em seus projetos programáticos em favor de uma espécie de mínimo denominador comum capaz de acomodar todos os setores não-bolsonaristas.

A experiência internacional recente, porém, mostra que abrir mão de um projeto progressista com apelo popular está longe de ser a saída mais efetiva de derrotar o fascismo, e pode mesmo contribuir para a acelerar a erosão democrática. No caso do Brasil, o discurso frente-amplista de “defesa da democracia” é apenas uma tática para domesticar e esvaziar o conteúdo transformador do projeto democrático de esquerda para o país.

O fracasso da “frente-ampla” húngara 

As eleições na Hungria no último dia 3 de abril foram recebidas no Brasil como um sinal de alerta pelos defensores da chamada “frente ampla”. Argumentaram que, ao vencer três eleições seguidas, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, conseguiu se tornar um líder autoritário impossível de ser derrotado. O líder autoritário de direita do partido Fidesz obteve 54% dos votos, o que lhe garantiu 135 das 199 cadeiras do Parlamento húngaro. Já a frente ampla da coalizão “Unidos pela Hungria” obteve 57 cadeiras, oito a menos que o obtido pelos partidos desse bloco quatro anos atrás.

Segundo a avaliação dos frente-amplistas, portanto, o exemplo da Hungria é um sinal para as “forças de oposição” aqui no Brasil fazerem qualquer negócio para evitar que Jair Bolsonaro seja reeleito e se torne um ditador de fato. Para começar, seria imprescindível promover uma aproximação entre setores ditos “moderados”, da esquerda e da direita, constituindo uma aliança ocasional capaz de consolidar um programa mínimo comum de “defesa da democracia”.

Para não ter que explicar por que, na Hungria, a oposição unificada foi derrotada, os frente-amplistas preferem chamar atenção para o fato de que Orbán já havia conquistado sua reeleição. Bolsonaro, ainda não. E, portanto, o exemplo da Hungria mostraria que depois que um autocrata é reeleito as dificuldades para vencê-lo em futuros pleitos crescem enormemente a ponto de se tornarem proibitivas. A lição seria: foi reeleito, já era. Logo, seria preciso evitar, a qualquer custo, a reeleição de Bolsonaro. E, para que isso aconteça, para que as forças de oposição tenham alguma chance de vitória, segue o argumento frente-amplista, de que seria preciso que a esquerda abandonasse o seu programa. 

O curioso é que foi exatamente isso que fez a oposição, na Hungria. E foi derrotada, fragorosamente. 

A estratégia que se tentou na Hungria foi exatamente esta: construir uma “frente ampla”, com todo mundo junto. Não sendo o Orban, está valendo. Nada menos do que seis partidos se reuniram numa coalizão para disputar as eleições parlamentares. Socialistas, verdes e neoliberais, e todos unidos em torno de um líder conservador. Todo mundo deixa seus programas de lado, pela defesa da “democracia”. A lógica fazia sentido: diante de um adversário forte, e que está no poder, uma união tática aumentaria as chances de ganhar mais cadeiras nos distritos eleitorais, derrotando Orbán, ainda que às custas de concessões programáticas.

Na Hungria, a eleição é um misto de sistema majoritário e proporcional de turno único. Essa combinação dá muita força a um partido extremista que tem apoio popular, como o Fidesz de Orbán – especialmente com uma oposição pulverizada. O cálculo então foi que com um só candidato da oposição por distrito, em vez de vários, o jogo poderia ser mais equilibrado.

“Entre um conservador original e a imitação, os eleitores húngaros preferiram ficar com o original mesmo.”

Na prática, porém, a teoria é outra. Política não é só matemática. Para vencer um líder autocrata popular, é preciso apresentar uma alternativa capaz de entusiasmar o eleitorado – e uma campanha quente. E aqui, liderança importa. Para cumprir essa importante tarefa de liderar a aliança oposicionista “Unidos pela Hungria”, foi escolhido o terceiro colocado nas prévias da oposição, Peter Marki-Zay, do Movimento Hungria de Todos, um desencantado ex-eleitor do Fidesz. O prefeito de Budapeste, Gergely Karácsony, do Partido Verde da Hungria (LMP) e o primeiro colocado no 1º turno das prévias, abriram mão da própria candidatura para apoiar Marki-Zay no 2º turno. Afinal, poderia se imaginar, para vencer um autocrata de ultradireita, só mesmo um conservador democrata. Já no 2º turno, Marki-Zay derrotou Klara Dobrev, de centro-esquerda, tornando-se o candidato da oposição. Tudo friamente calculado, com muito pragmatismo, moderação, responsabilidade – e um programa que não oferecia absolutamente nada à classe trabalhadora.

A esquerda e outras forças progressistas capitularam e decidiram abraçar a candidatura da direita “republicana”. Tomaram uma surra. Não só não ganharam, como também, agora, Orbán passou a ter uma super maioria de 2/3 do Parlamento, suficiente para aprofundar seu projeto autoritário. Entre um conservador original e a imitação, os eleitores húngaros preferiram ficar com o original mesmo.

Se a eleição na Hungria nos ensina algo, não é sobre a importância de fazer concessões à direita. A lição é bem outra. Em que se pesem as particularidades da Hungria e o contexto específico, com a guerra na Ucrânia como pano de fundo, a eleição húngara é um caso exemplar de fracasso notório do frente-amplismo.

Uma lição do sul

Por outro lado, a eleição de Gabriel Boric, no Chile, ensinou outras lições ao mundo. Naquela eleição, em dezembro de 2021, havia uma chance real de o Chile escolher um presidente entusiasta da ditadura militar, ultraconservador nos costumes e ultraneoliberal na economia. Soa familiar?

A vitória de Boric, do partido Convergencia Social, mostrou que a esquerda pode derrotar uma ameaça autoritária vinda das urnas. Ao contrário da estratégia húngara, Boric foi escolhido candidato da coalizão Apruebo Dignidad, após ter conquistado a vitória nas primárias dos partidos de esquerda. Não foi, portanto, o escolhido de uma “frente ampla” com um programa rebaixado e sem identidade. De fato, a escolha de quem iria encabeçar a coalizão só aconteceu depois da definição dos eixos programáticos.

“A derrota da ameaça autoritária no Chile não se deu, portanto, pelo abandono de pontos programáticos e concessões ao “centro”, que é como gosta de ser chamada a direita neoliberal.”

Para a esquerda chilena, ter um programa coerente e com a sua identidade foi fundamental para uma campanha quente. Sem essa coerência, não teria sido possível entusiasmar a militância para fazer o trabalho de formiguinha e “virar” voto por voto. Foi essa a estratégia de Un millón de puerta a puertas por Boric. Nessa ação, os apoiadores de Boric visitavam os eleitores chilenos, de casa em casa, para apresentar as propostas do candidato da coalizão Apruebo Dignidad. A meta, que era chegar a 1 milhão de visitas domiciliares em duas semanas, foi superada. Ao longo daquele 2º turno, foram registrados 1.261.000 engajamentos, segundo a contagem da campanha. Nada mau para uma campanha em um país em que 8,3 milhões de eleitores compareceram às urnas no 2º turno. 

Foi com essa energia que milhares de militantes contribuíram de maneira decisiva para a vitória acachapante de Boric sobre o candidato direitista. Boric venceu por 56% a 44%. Mas é bom lembrar que foi José Antonio Kast quem saiu na frente no 1º turno, e chegou a liderar as pesquisas em cenários de 2º turno.

Foi importante a adesão à candidatura Boric das forças de centro a centro-esquerda, em particular dos partidos da coalizão Nuevo Pacto Social, da qual o Partido Socialista chileno fazia parte. Mas essa só se deu no 2º turno. E a direita “democrática” chilena, afinal, apoiou Boric? Contribuiu para a sua vitória? Boric fez concessões centrais em seu programa, em troca desse apoio? Não, não e não.

No 1º turno das eleições chilenas, Kast terminou com quase 28%; Boric com 26%. Mais atrás vieram dois candidatos da direita neoliberal, Franco Parisi e Sebastián Sichel, com perto de 13% cada. Ou seja, se o cálculo eleitoral se reduzisse a pura aritmética, os eleitores de ambos, somados, poderiam fazer Boric superar Kast. Mas para isso seria preciso um engajamento firme de ambos, que estão no outro lado do espectro ideológico, mas, ao menos em tese, dentro do chamado “campo democrático”. E qual acabou sendo a posição desses candidatos de direita? Apoiaram o candidato democrata, da esquerda, para evitar a vitória de uma ameaça autoritária? Não. Pelo contrário: após a derrota no 1º turno, Sichel negociou compromissos programáticos para apoiar… Kast “contra a ameaça do populismo de esquerda”. Já Parisi esperou até o último minuto para descer do muro para, por fim,… declarar também apoio a Kast

A derrota da ameaça autoritária no Chile não se deu, portanto, pelo abandono de pontos programáticos e concessões ao “centro”, que é como gosta de ser chamada a direita neoliberal. A vitória contra o fascismo aconteceu apesar da direita neoliberal, e não por causa dela. A vitória se deveu a uma campanha competente, capilarizada e, sobretudo energizada por um programa inovador, capaz despertar entusiasmo. O resultado: Boric obteve 2,8 milhões de votos a mais no 2º turno. Kast, apenas mais 1,7 milhões. O que era uma vantagem de quase 150 mil votos para o pinochetista se converteu em vantagem de quase um milhão de votos em favor do ex-líder estudantil.

E o Lula? E o PT?

Cada eleição tem seu contexto específico, evidente. Não faz sentido transpor diretamente a experiência de um país para um outro sem refletir sobre a conjuntura específica de cada um, sobre os distintos agentes políticos e sociais além das diferenças culturais e institucionais que influenciam a disputa pelo poder. Mas podemos analisar e comparar as estratégias usadas, em outros contextos, para derrotar líderes autoritários, que chegaram ao poder pelo voto, e tentar discernir aprendizados aplicáveis ao nosso caso.

É possível encontrar na conjuntura brasileira tanto semelhanças quanto diferenças em relação a Hungria e Chile. Em comum com a Hungria, temos, por exemplo, um líder autoritário já instalado no poder, buscando se eleger novamente. Em comum com Chile, temos um governante altamente impopular, tal como Sebastián Piñera; um candidato admirador da ditadura em seu país; e o fato de que forças da direita neoliberal se mostraram pouco sensíveis à causa da defesa da democracia em momentos decisivos da história política recente.

“Essa situação de 2º turno antecipado representa uma grande oportunidade para a esquerda.”

Por outro lado, uma diferença é que aqui o líder autoritário e o governante impopular são a mesma pessoa, embora, à impopularidade de Bolsonaro, que está em 61%, segundo a última pesquisa Ipespe de maio, contraponha-se ao apoio firme de mais de 25% do eleitorado.

Mas a diferença fundamental tem nome e sobrenome: Luiz Inácio Lula da Silva. Nem Chile e muito menos a Hungria tinham um líder de oposição ao postulante autoritário com tamanho apoio eleitoral. As pesquisas mais otimistas davam a Boric ou a Marki-Zay vitórias com margem estreita.

Por aqui, as sondagens eleitorais presenciais mostram Lula com 21 pontos de vantagem, em relação ao líder fascista, e muito próximo dos mágicos 50%+1 dos votos válidos. Por sua vez, o seu rival autoritário está quase 20 pontos à frente do terceiro colocado, segundo a mais recente pesquisa do Datafolha. Estamos diante de uma eleição com dois candidatos de fato. Na prática, parece que estamos diante de um longo 2º turno, iniciado sem ter havido 1º turno.

Essa situação de 2º turno antecipado representa uma grande oportunidade para a esquerda. Normalmente, o 2º turno é o momento para fazer concessões, para que o candidato finalista conquiste o voto do eleitor de candidatos eliminados no 1º turno. Isso vale especialmente quando ambos os finalistas terminam longe dos 50%+1, no 1º turno e, mais ainda, se o segundo colocado está muito atrás do primeiro.

Observamos isso em 2018, com Fernando Haddad fazendo concessões à direita, abrindo mão do duplo mandato do Banco Central e da proposta de convocar uma Assembleia Nacional Constituinte Exclusiva – pontos que constavam no programa original registrado no TSE, no 1º turno. Os recuos foram em vão. Mas eram os gestos certos para quem fechou o 1º turno 17 pontos atrás do primeiro colocado – que, por apenas 4 pontos, não liquidou a disputa já de primeira.

Bolsonaro, por sua vez, não só teve espaço para “jogar parado” e fugir de todos os debates no 2º turno: ele aproveitou para avançar seu projeto, preparando o terreno, tanto na retórica beligerante-fascistoide, quanto na agenda ultraneoliberal – amparado por um grande apoio eleitoral.

Pois é praticamente a situação que Lula se encontra hoje: está 21 pontos à frente do segundo colocado e muito próximo dos 50%+1. De fato, as pesquisas presenciais indicam Lula acima desse patamar de votos válidos. Além disso, a única alternativa competitiva a Lula é o atual presidente, que é rejeitado pela ampla maioria da população. Essa configuração da disputa eleitoral, com Bolsonaro mantendo a hegemonia sobre a direita, não é um argumento para rebaixar o programa da esquerda, fazendo-o pender mais para o centro. Pelo contrário: nunca antes na história deste país houve uma oportunidade tão favorável para o candidato mais competitivo da esquerda apresentar um programa explicitamente orientado para os interesses das classes populares.

Não é preciso escolher entre ser pragmático e programático

Lula ir à esquerda, no sentido de apresentar uma ambiciosa proposta social, não vai lhe custar um voto sequer. A imprensa empresarial gosta de falar do perigo das supostas “falas polêmicas”, mas os fatos mostram outra coisa. Uma boa indicação disso foi o que aconteceu (ou melhor, o que não aconteceu) com as intenções de voto, quando Lula “ousou” dizer o óbvio: que o aborto era uma questão de saúde pública. Nas pesquisas que se seguiram a essa fala, as intenções de voto permaneceram exatamente como estavam antes. Bolsonaro subiu, é verdade, mas isso se deveu à desistência de seu ex-funcionário Sérgio Moro da disputa presidencial.

Ainda assim, os adeptos do frente-amplismo insistem em usar o governo Bolsonaro e seu desempenho nas pesquisas como pretexto para propor que Lula não seja o candidato “das esquerdas”, mas que seja um candidato “da democracia”. O uso da retórica de uma abstrata “defesa da democracia” (afinal, quem é contra?) é uma óbvia manobra para desidratar o programa da esquerda.

Quando a aliança entre PT e PSB, Lula e Alckmin, foi sacramentada, o presidente do PSB não poderia ter sido mais didático:

“Quando nós defendemos a ideia de que não é direita e esquerda, nestas eleições, mas autoritarismo contra democracia, também tem que ter um programa de governo que tenha correspondência com essa proposta político-eleitoral. Não pode ser um programa de governo de esquerda porque, afinal de contas, não se trata disso, se trata de conquistar a plenitude democrática.”

Essa retórica serve ao propósito claro de domesticar a agenda do candidato favorito – e não colocar em questão os graves retrocessos que aconteceram no governo ilegítimo de Temer. Interesses poderosos já se movimentam para que nenhuma reforma neoliberal, mesmo as mais selvagens e incluindo aquelas implementadas sob o regime Bolsonaro, sejam revistas. Em nome de uma vaga “defesa da democracia”, esse conceito etéreo que, na verdade, significa manter tudo como está, há gente de esquerda racionalizando a naturalização da barbárie. No fundo, é uma defesa da manutenção do status quo, apenas tirando o bode da sala. Por que não podemos defender a democracia, dentro de um projeto de esquerda para o país? 

Recentemente, colunistas de grandes veículos de imprensa reclamaram que Lula só se reúne com “os seus” (leia-se: sindicalistas, sem-terra, indígenas, sem-teto) e não se reúne com a famigerada “Faria Lima”, seja lá a quem se refiram. O senador Randolfe Rodrigues, um dos coordenadores da campanha de Lula, é outro que vem se empenhando nesse sentido, ao cobrar, por meio da imprensa, que Lula “converse com setores mais amplos da sociedade, para além da esquerda”, e vaticinando que “Bolsonaro vencerá se Lula não for mais plural”. O senador usou inclusive a sugestiva imagem das “Diretas Já” para argumentar que o atual momento demanda união (e concessões).

“Eis aí a amplitude que de fato querem: a esquerda entra com os votos, a direita, com o programa e com a equipe.”

Com o fracasso das candidaturas organicamente neoliberais, a estratégia passou a ser a de trazer a “frente-ampla” para dentro da candidatura da esquerda. Semana sim, outra também, aparece alguém cobrando que Lula faça sinais ao “centro”. Isso sem falar das inúmeras notícias de que a campanha de Lula vai ao “centro”. Ou ainda, reportagens dizendo a campanha do petista quer “profissionalizar a economia” chamando um defensor inveterado da emenda do Teto de Gastos e ligado ao PSDB para comandar a Fazenda. Outros são mais sutis e publicam notas aparentemente positivas, sobre as consequências de uma possível vitória petista, mas que condicionam o cenário de salvação eterna e um lugar cativo no paraíso da prosperidade econômica à indicação de “um time econômico pró-mercado”. Eis aí a amplitude que de fato querem: a esquerda entra com os votos, a direita, com o programa e com a equipe.

Chama atenção que quando os frente-amplistas pedem que Lula seja mais plural, nunca se referem a ampliar a pluralidade e o diálogo com os setores populares. Nunca dizem que Lula deve ampliar o diálogo conversando mais com os trabalhadores informais das grandes cidades, com os evangélicos que moram nas faveladas, juventude trabalhadora precarizada – mas é essa a ampliação que faz sentido, tanto do ponto de vista eleitoral, quanto para a governabilidade. E, em especial no caso dos evangélicos, não se trata de conceder, mas de reforçar os valores comuns. Foi essa a estratégia que Stacy Abrams usou na mobilização que resultou na vitória de Biden na Georgia, em 2020.

As lições das eleições da Hungria e do Chile, quando examinamos a atual conjuntura político-eleitoral do Brasil, nos ensinam algo sobre a importância de manter a identidade programática, em um contexto em que a ameaça à democracia pode vir chancelada pelas urnas. A esquerda brasileira tem todas as condições para apresentar e sustentar a luta por um programa autêntico, não apenas porque é o que atende às aspirações aos ideais de seus militantes, mas sobretudo porque essa é a melhor maneira para derrotar a ameaça fascista. Não há mais oposição entre ser programático e ser pragmático. Um programa popular radicalmente democrático, atendendo às maiorias sociais, é o melhor instrumento para a firme defesa da democracia política. Somente por meio da luta democrática, convocando o povo a entrar em cena e exercer seu poder, é possível derrotar, ao mesmo tempo, o fascismo e o neoliberalismo.

Sobre os autores

é cientista social pela USP, mestre em Governança e Democracia pelo ISS-Universidade Erasmus de Rotterdam e mestre em Relações Internacionais pelo Instituto Barcelona de Estudos Internacionais (Ibei).

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Published in América do Sul, Análise, FORMATO, Política and Sociologia

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