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(Foto de Jamie McCarthy/Getty Images)

“Se não temos visionários, não temos nada”

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Tradução
Sofia Schurig

Em entrevista, o premiado ator Brian Cox fala sobre a ameaça que a Inteligência Artificial (IA) não regulamentada representa para a profissão de ator, seu apoio aos trabalhadores em greve e a necessidade de visionários na política.

UMA ENTREVISTA DE

Taj Ali

O premiado ator Brian Cox desfrutou de uma carreira notável tanto nos palcos quanto nas telas, mais recentemente recebendo elogios por seu papel como o magnata da mídia de direita Logan Roy na série da HBO “Succession”.

No entanto, durante um comício em Londres organizado pelo sindicato de entretenimento Equity, em solidariedade a atores em greve nos Estados Unidos, ele deixou claro na semana passada que o cenário para escritores e atores ainda é tenebroso.

Brian Cox conversou com a Tribune, parceira da Jacobin no Reino Unido, sobre a ameaça que a inteligência artificial não regulamentada representa para a profissão de ator, por que ele apoia a ação de greve dos trabalhadores e a necessidade de visionários na política.


TA (Tribune)

A votação para a greve da SAG-AFTRA foi esmagadora. Parece que os atores têm mais probabilidade de fazer parte de um sindicato em comparação com outras profissões. Por que você acha que isso acontece?

BA (Brian Cox)

Porque precisamos de muita proteção. Estamos sendo prejudicados repetidamente. É por isso que precisamos da proteção do sindicato. O sindicato está bastante forte no momento. Isso fica claro pela participação hoje.

Nesse sentido, precisamos continuar. Sem nós, eles não são nada. O que é importante para esses atores nos Estados Unidos é a saúde, já que eles não têm um Sistema Nacional de Saúde como o Reino Unido. É por isso que eles precisam dos pagamentos residuais das empresas de streaming. Caso contrário, eles não terão como pagar pelo atendimento médico. Mesmo que nosso [do Reino Unido] Sistema Nacional de Saúde seja abusado e sitiado, pelo menos temos essa vantagem.

TA

Hoje você teve Eddie Dempsey do Sindicato dos Ferroviários, Marítimos e dos Transportes falando em solidariedade aos atores. O órgão está em disputa com as empresas ferroviárias em relação a várias questões, incluindo o fechamento de bilheterias. Isso parece ser um tema recorrente em muitas disputas que tenho coberto, a busca por uma sociedade sem contato e sem alma.

BA

Sim. E não podemos permitir isso. É prejudicar a si mesmo no final das contas. Precisamos garantir que seja humano, que o contato seja humano. O que eles não percebem é que, ao desumanizar, eles não estão apenas desumanizando as pessoas, mas também a si mesmos, os empregadores, e é isso que eles precisam perceber.

Outra noite, estive em um programa e me deram uma lista de coisas que o “Brian Cox artificial” diria. O “Brian Cox artificial” faria imitações de animais. Eu nunca fiz uma imitação de animal em minha vida, e não teria ideia de como começar. Achei isso estranho e, realmente, um pouco assustador. Agora isso vai acontecer com todos. Ninguém está isento disso. Se você faz uma performance, está em um filme ou série de TV, é aí que eles vão te pegar, e é isso que precisamos evitar.

TA

Se a inteligência artificial fosse regulamentada e os produtores trabalhassem com sindicatos, ela poderia ser potencialmente benéfica para a indústria?

BA

Acho que é uma força muito perigosa, mas acredito que poderia ser benéfica se estivesse nas mãos certas. O problema é que não está nas mãos certas. Acabamos de ouvir o exemplo de um jovem que foi digitalizado para um trabalho de TV e apareceu em uma cena em que nem estava, e ele não foi pago por isso. Esse foi o início da questão, esse tipo de coisa. E isso pode acontecer em uma escala maior.

TA

Parece que muitos dos desafios enfrentados pelos atores foram impulsionados pela pandemia global, especialmente as dificuldades que enfrentam para gravar fitas de audição em suas próprias casas, em vez de um estúdio profissional com apoio.

BA

Todo o processo de audição é terrível. É terrível o que os jovens atores têm que fazer agora. Eles não conhecem ninguém. E o toque pessoal já evaporou e desapareceu. Eles têm que configurar telas e câmeras. É algo muito complexo. O que eles não entendem é que, quando subestimam a conexão humana, estão criando um grande vazio para tudo cair. Isso é o que eles não podem fazer, subestimar a conexão humana. Isso é mais importante do que qualquer outra coisa.

TA

Estamos no meio da maior onda de greves em décadas. Atualmente, trabalhadores ferroviários e médicos do Reino Unido também estão em disputa. Você apoia esses trabalhadores em greve?

BA

Com certeza.

TA

E como você acha que o governo lidou com essas disputas?

BA

Eu nem daria dois minutos de crédito para esse governo. Quero dizer, eles são um bando de idiotas. Eles são um bando de idiotas há treze anos. E eles têm se comportado pior e pior.

TA

Você é otimista em relação a um possível governo Trabalhista mudando as coisas?

BA

Espero que sim, espero que façam melhor. Então, eles realmente precisam ser firmes. Eles realmente precisam ser visionários. O problema do Partido Trabalhista é enxergar problemas de curto prazo conforme eles surgem, em vez de observar a visão de longo prazo, o que realmente importa no final.

TA

Mais cedo, o deputado trabalhista John McDonnell se juntou a nós e compartilhou uma mensagem de solidariedade.

BA

John é um exemplo único. Ele é um visionário, e é isso que precisamos. E se não tivermos isso, não temos nada.

Sobre os autores

é um escritor freelance. Seu trabalho é publicado no Huffington Post, Metro e no Independent.

Brian Cox

é um premiado ator escocês.

Cierre

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Published in América do Norte, Capital, Cultura, Entrevista, Europa and Gente rica

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