O atual modelo de desenvolvimento tecnológico está distorcendo as promessas utópicas da internet, criando bilionários lunáticos enquanto massacra milhares de trabalhadores. Mas não precisava ser assim. É o que mostra o novo livro Abolir o Vale do Silício, da programadora e escritora Wendy Liu.
Artículos publicados por: Rafael Grohmann
é professor de Estudos de Mídia com foco em Estudos Críticos de Plataformas da Universidade de Toronto. Líder do DigiLabour e do Observatório do Cooperativismo de Plataforma. Pesquisador dos projetos Fairwork e Platform Work Inclusion Living Lab. Atualmente, escreve um livro sobre o Núcleo de Tecnologia do MTST.
Em vez de trabalho controlado por plataformas e Big Techs, precisamos de plataformas controladas pelos trabalhadores. Isso só será possível se articularmos o histórico latino-americano de economia solidária e tecnologias livres para prefigurar futuros digitais alternativos.
A nova direita surfou na politização dos gamers, mas o tremendo sucesso do jogo Tonight We Riot, distribuído e produzido por cooperativas de esquerda, um fenômeno cada vez mais presente na indústria do videogame, mostra que narrativas comunistas e anarquistas estão tendo mais adesão em meio à crescente distopia capitalista. No Brasil, jogos simulam as lutas da classe trabalhadora do passado e atual.
A pandemia revelou o escárnio trabalhista que é plataformização e precarização das relações de trabalho causadas pela mistura do capitalismo rentista, ideologia do Vale do Silício, extração de dados e gestão neoliberal. A luta do #BrequeDosApps é a luta dos trabalhadores - e a greve é um primeiro passo rumo a melhores condições, sem perder de vista a possibilidade de expropriação ou hackeamento das plataformas.