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Manifestantes são alvos com spray de pimenta quando confrontam a polícia do lado de fora da Terceira Delegacia de Polícia em 27 de maio de 2020 em Minneapolis, Minnesota. Stephen Maturen / Getty.

Não devemos condenar a fúria proletária contra policiais assassinos

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Tradução
Caue Seigner Ameni

A revolta em resposta ao assassinato de George Floyd por um policial de Minneapolis nesta semana levou a previsíveis condenações da mídia pelos saques em meio aos caos. Mas o verdadeiro saque em nossa sociedade vem das forças armadas, da polícia, das empresas farmacêuticas, do patrimônio privado, dos proprietários, dos especuladores imobiliários e dos bilionários - e não dos manifestantes contra a brutalidade policial.

Após o assassinato de George Floyd por um policial de Minneapolis, parte da mídia levantou algumas questões cruciais que devem ser abordadas:

Devemos condenar saques?

Sim, devemos condenar a pilhagem do Sul Global pelas forças armadas ocidentais e empresas multinacionais. Devemos temer a possibilidade aterrorizante de que a vacina pra COVID-19 seja fechada, privatizada e vendida com fins lucrativos; e o saque de nações subdesenvolvidas e seus povos.

Deveríamos lutar contra o saque dos cofres públicos dos países subdesenvolvidos com dívidas intermináveis e programas de “ajuste fiscal” sendo elaborados e impostos por instituições internacionais neste exato momento.

Mas devemos nos preocupar com o outro tipo de pilhagem?

Seria necessário ser um monstro sem coração para não se importar com a pilhagem de casas e edifícios pelos capitalistas abutres. Deveríamos nos organizar contra a onda iminente de despejos que colidirão com nossas comunidades assim que os tribunais reabrirem. E devemos lutar contra o roubo de casas e escolas; a destruição desnecessária de vidas devido à priorização dos alimentos em detrimento do aluguel.

Preocupamo-nos que comunidades inteiras da classe trabalhadora sejam gentrificadas, seus prédios substituídos por moradias para famílias mais ricas e brancas, que trazem uma maior quantidade de lucro para o proprietário. Deveríamos estar indignados com o fato de a polícia estar saqueando ocupações de sem-tetos e devemos exigir que casas e quartos vazios e seguros não sejam mais guardados enquanto houver pessoas nas ruas.

Devemos nos preocupar com saques reais?!?

Claro! O capital privado faz fortuna também com a falência das empresas em todo o país. Ao demitir trabalhadores e se apropriar de suas aposentadorias, eles fogem com suas poupanças. Preocupamo-nos com a tentativa de saquear o Serviço Postal dos EUA privatizando-o, destruindo inúmeros bons empregos e um serviço público essencial, a fim de desmantelar uma instituição pública e transformá-la em uma empresa privada para gerar lucro.

Estamos indignados com os saques em andamento dos programas de bem-estar dos governos local e estadual por um Partido Republicano que deseja vê-los destruídos e por uma liderança democrata da Câmara cuja solução para esse problema é dar aos gigantes uma enorme redução de impostos. Estamos com nojo de que os representantes que alegam defender trabalhadores e oprimidos tenham prazer em permitir que seus padrões de vida entrem em colapso ao aprovar cortes de impostos para os ricos.

Sem organizar uma forte reação trabalhista, veremos os saques reais dos cofres públicos enquanto a classe bilionária se tornou US$ 434 bilhões mais rica durante a pandemia.

Mas devemos nos preocupar com os saques de lojas como Target e Autozone?

Foi uma destruição de propriedades por pessoas enfurecidas pelo assassinato de um homem negro inocente por um policial branco. Deveríamos, como o “branco moderado” de Martin Luther King, estar errado sobre uma revolta anti-racista?

Devemos culpar os negros da classe trabalhadora por atacar um governo e uma economia projetados para reprimi-los, explorá-los e subjugá-los durante uma pandemia? Ou um sistema capitalista que tornou quase impossível para eles sobreviverem? Deveríamos participar dessa condenação, mesmo que nossa mídia trate consistentemente atos idênticos de destruição de propriedades como folia e saques corporativos das comunidades da classe trabalhadora como negócios?

Não. George Floyd importava. Black lives matter. E até que possamos construir um movimento que possa derrotar o racismo e o capitalismo, até que os trabalhadores de todas as raças se unam contra os capitalistas e seu aparato repressivo, é bom que chefes, funcionários do governo e a polícia que os protegem às vezes lembrem que a vida dos negros importam através de uma pequena fúria proletária.

Se você se interessa por saques, volte os olhos para os militares, a polícia, as empresas farmacêuticas, a “mão invisível do mercado”, os proprietários, os especuladores imobiliários e os bilionários. E exigir que um mundo que era saqueado da grande maioria seja agora devolvido a eles.

Sobre os autores

é um pesquisador irlandês e membro residente do Next System Project do Democracy Collaborative.

Cierre

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Published in Cidades and Política

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