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Uma manifestação pelo levantamento do bloqueio contra Cuba em 29 de outubro de 2024, em Bruxelas, Bélgica. (Thierry Monasse / Getty Images)

O embargo a Cuba é um rancor da Guerra Fria que os EUA não superaram

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Tradução
Pedro Silva

Por mais de seis décadas, Cuba tem resistido às sanções e pressões do maior império militar e econômico do mundo. O livro mais recente de Noam Chomsky e Vijay Prashad mostra como o embargo não é uma resposta às políticas da pequena ilha socialista, mas um esforço de longo prazo para minar sua soberania e ideais revolucionários.

UMA ENTREVISTA DE

Karthik Puru

Na Assembleia Geral das Nações Unidas em 30 de outubro, 187 países votaram por uma resolução não vinculativa para acabar com “o embargo econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba”. Esta resolução foi aprovada com apoio quase unânime todos os anos (exceto 2020) desde a queda da União Soviética, o que privou Cuba de um grande parceiro comercial e mergulhou a nação de dez milhões de habitantes em uma depressão econômica conhecida como “Período Especial”. Abalada por desastres naturais, crises migratórias, esforços de sabotagem e uma pandemia global, a Revolução Cubana superou seus desafios, contando tanto com políticas públicas quanto com soluções de mercado, além de apoio internacional.

A resolução da ONU busca normalizar as relações comerciais EUA-Cuba, que estão congeladas desde que o governo de John F. Kennedy impôs o embargo após a Crise dos Mísseis de 1962. Em 1982, o governo Reagan rotulou Cuba como um “Estado patrocinador do terrorismo” (SSOT), uma designação restabelecida pelos governos Trump e Biden depois que Barack Obama a suspendeu brevemente em 2015. Em seu livro recente, On Cuba: Reflections on 70 Years of Revolution and Struggle [Sobre Cuba: Reflexões nos 70 anos de Revolução e Luta], Noam Chomsky e Vijay Prashad colocam em perspectiva a hostilidade dos EUA em relação à soberania cubana para além da Doutrina Monroe de 1823, contrastando as histórias cubana e haitiana para lançar luz sobre o antigo senso de direito dos Estados Unidos sobre as ilhas próximas.

Em uma entrevista recente com a Jacobin, Prashad expõe a história por trás da inimizade de Washington em relação a Cuba, argumentando que os formuladores de políticas dos EUA há muito percebem a independência cubana como uma ameaça à sua visão de um Hemisfério Ocidental complacente. Prashad explica como essa hostilidade reflete um padrão mais amplo de minar a autodeterminação em toda a América Latina e como os Estados Unidos veem a soberania regional como incompatível com seus próprios interesses estratégicos e econômicos.


Desafiando o embargo

KARTHIK PURU

Na introdução do livro, Manolo De Los Santos escreve sobre o importante papel que os intelectuais dos EUA — como Noam Chomsky e Malcolm X — e movimentos como o de libertação negra desempenharam no apoio à Revolução Cubana desde o início, já que o governo dos EUA demorou em reconhecer o governo revolucionário cubano. Dado que o presidente cubano Miguel Díaz-Canel está agora buscando apoio para a Palestina, você pode falar um pouco sobre como a solidariedade internacional tem sido crucial para a sobrevivência da Revolução Cubana?

VIJAY PRASHAD

Após o colapso da União Soviética, Cuba entrou em uma crise séria chamada Período Especial. Houve uma onda de solidariedade em todo o mundo. Na Índia, o movimento comunista assumiu um papel ativo com os movimentos de agricultores para levantar 20.000 toneladas de grãos que foram enviados de Calcutá para Havana. Fidel Castro fez um discurso comovente, dizendo: “Este é o pão da Índia que comeremos”. Mais tarde, a vitória de Hugo Chávez e o início do movimento bolivariano da Venezuela em 1998 se tornaram uma tábua de salvação para Cuba. No entanto, com ataques intensificados à Venezuela nos últimos dez anos, Cuba entrou novamente em uma crise séria, e os Estados Unidos intensificaram seu bloqueio.

Nos últimos trinta anos — todos os anos, exceto durante a pandemia — todos os países do mundo, com exceção dos EUA e seu aliado Israel, votaram contra o embargo estadunidense ilegal contra Cuba. O embargo é ilegal, pela Carta da ONU, porque os Estados Unidos não possuem a resolução do Conselho de Segurança necessária para impô-lo. Os EUA podem escolher não negociar com Cuba, mas é ilegal para os Estados Unidos usar sua influência sobre a economia mundial para impor sanções de terceiros aos que queiram negociar com Cuba.

Sem solidariedade internacional, Cuba terá dificuldade em se recuperar de sua crise energética. Os Estados Unidos não permitirão embarques de máquinas que os ajudariam a reconstruir usinas de eletricidade danificadas por furacões e incêndios. Sem a ajuda do México, Barbados, Rússia e Venezuela, Cuba estará em uma situação difícil. Para aqueles que dizem que o governo cubano é culpado, eu digo, por que não acabar com o embargo e deixa-lo fracassar sozinho? Não é o governo que está fracassando, mas o embargo que estrangula o país. Os EUA sabem que o embargo está funcionando. É por isso que eles o mantém a pleno vapor.

“Nos últimos trinta anos — todos os anos, exceto durante a pandemia — todos os países do mundo, com exceção dos EUA e seu aliado, Israel, votaram contra o embargo ilegal dos EUA a Cuba.”

KP

No livro, você traça a história das relações EUA-Cuba não apenas até a Independência Cubana e a invasão dos EUA em 1898, mas até a fundação dos Estados Unidos e a Doutrina Monroe. Como você responde àqueles que argumentam que retratar a política dos EUA como “imperialista” é uma simplificação excessiva, especialmente ao retratar Cuba como uma “colônia virtual”?

VP

Em 1804, quando a Revolução Haitiana liderada por Toussaint L’Ouverture e outros derrubou o sistema escravista, os franceses, britânicos e os EUA tentaram esmagá-la. Por quê? Porque ela enviou uma mensagem poderosa aos quatro cantos de que a escravidão era a antítese da civilização, e que a liberdade, a fraternidade e a igualdade significam o fim da escravização das pessoas.

A Revolução Haitiana gerou medos de contágio — uma preocupação de que seus ideais se espalhariam para as plantações do sul dos EUA ou outras ilhas do Caribe — então ela teve que ser estrangulada e restringida. Esse foi um aspecto da mentalidade pós-1804. Quanto ao segundo aspecto, quando você lê River of Dark Dreams [Rio de Sonhos Sombrios], de Walter Johnson, fica claro que os intelectuais da escravidão dos EUA estavam interessados ​​em criar uma economia política que corresse ao longo do Rio Mississippi e para o Caribe, o que incluiria, é claro, Cuba, uma ilha muito importante para a escravidão na época.

No início dos anos 1800, altos funcionários dos EUA imaginavam que toda a economia do Mississippi seria administrada por essas ilhas offshore que forneceriam portos. Não sou um leitor atento de John Adams ou Thomas Jefferson, mas quando apresentei o livro de Johnson em nossas conversas, Chomsky fez um longo discurso sobre como os Estados Unidos, particularmente após a Revolução Haitiana, começaram a ter a ideia de que Cuba cairia em seu colo. Oito décadas depois, os EUA sequestram a Guerra da Independência Cubana de 1898 e assimilam Cuba ao domínio dos EUA. A essa altura, a economia do “rio dos sonhos sombrios” do Mississippi compreensivelmente desapareceu, então o projeto muda. Cuba depois de 1898 se torna o “paraíso dos gangsters”, um lugar para turismo e jogos de azar.

A Revolução Cubana de 1959 marcou uma ruptura com as fantasias pós-1804 de projetos dos EUA sobre Cuba se tornar parte dos Estados Unidos, levando a ilha rumo à soberania — um movimento que os EUA acharam inaceitável. Esse senso de direito sobre Cuba continua arraigado no nível superior do governo.

Duas revoluções, uma estratégia imperial

KP

Você descreve esse senso de direito como decorrente da afirmação da Doutrina Monroe de domínio hemisférico, que o Corolário Roosevelt leva mais adiante com o que você chama de seu “princípio da máfia” — consolidando não apenas o controle do governo dos EUA sobre o Hemisfério Ocidental, mas também o controle corporativo sobre o próprio governo dos EUA. Isso soa como se você estivesse descrevendo o capitalismo em sua forma atual; então você rastreia tudo de volta a Teddy Roosevelt?

VP

Para entender o Corolário de Roosevelt, você tem que voltar à crise venezuelana de 1902 e 1903. Na época, o presidente da Venezuela era, curiosamente, um homem chamado Castro — Cipriano Castro — que disse aos credores europeus que o governo venezuelano não deveria ter que pagar dívidas de guerras anteriores. Essencialmente, ele argumentou que essas eram “dívidas odiosas” — para usar um termo anacronicamente — e que os credores haviam emprestado a todos os tipos de entidades inescrupulosas, então por que o povo venezuelano deveria arcar com os custos?

Em resposta, a Grã-Bretanha, a Itália e a Alemanha bloquearam a Venezuela com suas marinhas. Castro pensou que os Estados Unidos protegeriam a Venezuela dizendo aos europeus para caírem fora. Mas, em vez disso, Roosevelt emitiu seu Corolário, e estou feliz que você tenha notado seu aspecto mais fascinante.

A Doutrina Monroe original de 1823 diz que os EUA têm o direito de intervir em todo o hemisfério para protegê-lo da intervenção europeia. Na verdade, você pode até lê-la como um documento relativamente progressista que declara que os Estados Unidos protegerão o hemisfério ocidental do colonialismo europeu — embora também tenha a arrogância de retratar os Estados Unidos como um “farol da esperança” com direito ao hemisfério. Roosevelt, pensando como um capitalista, leva isso para um rumo distinto da visão aristocrática e pastoral de James Monroe. Seu Corolário diz que se você pegou dinheiro emprestado de alguém — europeu ou não europeu — deve pagar seus credores, e se não o fizer, os EUA intervirão.

Então, em vez de proteger a Venezuela de seus credores europeus, os Estados Unidos intervieram para proteger os direitos do capital financeiro. É por isso que tantos golpes acontecem, porque os EUA sentem que têm o direito de intervir em um país — o Chile, por exemplo, em 1973 — para proteger o capitalismo contra o desenvolvimento socialista. Quando a Organização dos Estados Americanos (OEA) é formada em 1948 em Bogotá, Colômbia, sua carta efetivamente incorpora o Corolário de Roosevelt, estabelecendo uma aliança anticomunista. É por isso que, quando uma revolução de esquerda ocorre em Cuba, a OEA toma uma posição contra ela.

KP

Estou feliz que você tenha mencionado a OEA, que é utilizada no livro como um palco para contrastar a história dos EUA-Cuba pós-1959 com a história dos EUA-Haiti após a “contrarrevolução” de 1961, como você a chama. Como seu livro argumenta que o tratamento diferenciado da OEA e dos Estados Unidos ao Haiti e a Cuba expõe o bloqueio a Cuba como um movimento imperialista?

VP

Durante nossas conversas para o livro, comparamos a Revolução Cubana com outros movimentos históricos. CLR James a comparou à Revolução Haitiana de 1804, comparando Toussaint e Castro em um interessante posfácio para Os Jacobinos Negros.

Achei mais esclarecedor comparar Cuba com a “revolução” de François “Papa Doc” Duvalier em 1957 no Haiti — uma tomada de poder pela direita que impôs o terror com os esquadrões da morte Tonton Macoute executando pessoas. Dois anos depois, há uma revolução em Cuba onde não há nada semelhante com o esquadrão da morte do Haiti. Houve violência, mas essa violência não se tornou um elemento permanente. No Haiti, a violência foi a ferramenta que manteve Papa Doc, e mais tarde “Baby Doc” Duvalier, no poder, o que levou à sua queda. A revolução de Cuba sobreviveu porque não se baseou na repressão e na violência da mesma forma.

Se a OEA tivesse princípios, ela teria condenado o regime de Papa Doc e pedido o retorno das eleições no Haiti; poderia até ter sancionado Duvalier ou encorajado os Estados Unidos a intervir. Nada disso aconteceu. Após a revolução de 1959, os EUA tentaram matar Castro mais de seiscentas vezes, tentaram invadir a ilha na Baía dos Porcos e outros lugares, e não permitiram que Cuba entrasse na OEA devido ao seu governo comunista. Nem os Estados Unidos nem a OEA estavam agindo por princípios — era pura geopolítica. O Haiti, como aliado, recebeu um passe livre, enquanto Cuba foi tratada como adversária, embora Cuba nunca tenha assumido uma posição antagonista em relação aos EUA.

Imperialismo e soberania

KP

O livro aponta a hipocrisia de chamar Cuba de patrocinadora estatal do terrorismo enquanto os Estados Unidos realizam atos explícitos de terror contra Cuba como parte do que Chomsky chama de sua resposta “frenética” à revolução. Nos EUA, eventos como a Baía dos Porcos, a Crise dos Mísseis Cubanos, a Operação Condor e a Operação Mongoose são mitificados como “história da Guerra Fria”, mas no livro, você explica que as ações de Cuba foram medidas defensivas contra a agressão dos EUA. Você pode falar um pouco sobre isso?

VP

Antes de discutir o rótulo de “patrocinador estatal do terrorismo” aplicado a Cuba, vamos falar sobre o que os Estados Unidos estão fazendo hoje — enviando bombas de 900 quilos para Israel, utilizadas para eliminar palestinos em Gaza. Israel está conduzindo atos de terror, e os EUA os apoiam. Não acredite em mim — Leon Panetta, ex-diretor da CIA, disse que o ataque de pagers que Israel realizou no Líbano foi um ato de terror.

Há muitos exemplos dos Estados Unidos apoiando, encorajando e, às vezes, financiando atos de terror contra a Revolução Cubana, enquanto Cuba nunca exerceu qualquer tentativa de cometer violência contra o governo americano.

“Na década de 1980, os EUA apoiaram o apartheid na África do Sul, um regime terrorista, mas foram os cubanos que realmente enviaram tropas e oficiais de inteligência para Angola para ajudar as forças de libertação.”

Vale a pena notar que a Revolução Cubana aconteceu em 1959, mas os Estados Unidos não rotularam Cuba como um “Estado patrocinador do terrorismo” até 1982. O que mudou? Sob Reagan, os EUA estavam travando guerras sujas na América Central, canalizando dinheiro ilegal para a questão Irã-Contra, apesar das restrições do Congresso, para conduzir massacres na Nicarágua, El Salvador e Guatemala. Naquela época, o governo cubano estava treinando revolucionários de toda a América Latina, mas Cuba não intervia com tropas ou fornecendo armas. As condições em alguns países ficaram tão horríveis que, de fato, o governo social-democrata venezuelano interveio para fornecer apoio aéreo a alguns dos grupos guerrilheiros. No entanto, a Venezuela nunca foi rotulada como um Estado patrocinador do terror.

Na década de 1980, os Estados Unidos apoiaram o apartheid na África do Sul, um regime terrorista, mas foram os cubanos que realmente enviaram tropas e oficiais de inteligência para Angola para ajudar as forças de libertação. Com a derrota da África do Sul na Batalha de Cuito Cuanavale em 1987, o Estado do apartheid foi finalmente levado ao diálogo com o Congresso Nacional Africano. Quando Nelson Mandela saiu da prisão, ele foi a Havana em sua primeira visita ao exterior e agradeceu aos cubanos.

Enquanto eu estava na Namíbia, pessoas na Southwest Africa People’s Organization me disseram que os cubanos são as únicas pessoas que intervêm sem querer nada em troca de sua intervenção. Eles intervêm por princípio, diferentemente dos EUA, que intervieram na África do Sul por razões geopolíticas e — trazendo de volta o Corolário de Roosevelt — para proteger os interesses do capital.

KP

Na sua opinião, Cuba representa não apenas um desafio ao domínio dos EUA da Doutrina Monroe sobre o hemisfério, mas também um farol do socialismo. Por que é importante que vejamos a Revolução Cubana como um modelo de resistência ao imperialismo e como uma inspiração para governos que se movem em direção ao socialismo?

VP

Para qualquer país em qualquer lugar do mundo, a primeira prioridade é colocar os interesses de seu povo em primeiro lugar. Para fazer isso, você precisa exercer soberania sobre seu território — reivindicando controle sobre seus recursos e resistindo às forças externas que insistirão em possuir suas minas, seus sistemas de energia e assim por diante. A propriedade privada, mesmo através de fronteiras internacionais, é sacrossanta. Esse é o Corolário de Roosevelt.

A tendência de estabelecer soberania entra em choque direto com o imperialismo. Veja a Guatemala sob Jacobo Árbenz — ele não era um socialista; era simplesmente um liberal que queria uma vida digna para os guatemaltecos. Para que os guatemaltecos mais pobres vivessem com dignidade, ele disse que teriam que tomar algumas terras de corporações multinacionais — não todas, apenas as terras não utilizadas — e dá-las a pequenos proprietários e fazendeiros. A United Fruit Company, que possuía vastas quantidades de terra, não queria dar terras em pousio para fazendeiros sem-terra. Para eles, isso abriu um mau precedente, então pressionaram por um golpe, com autoridades como John e Allen Dulles, que tinham ações na United Fruit, apoiando-o. Che Guevara testemunhou isso e percebeu que qualquer tentativa de soberania nacional seria recebida com uma reação imperialista.

Tudo o que Cuba estava dizendo era: queremos controle sobre nossos próprios sistemas elétricos e termos justos para comercializar nossa cana-de-açúcar, e queremos construir uma sociedade digna. Mas essa visão entra em choque com as corporações multinacionais e a ideia de propriedade. Imperialismo e soberania não podem coexistir. Um tem que triunfar sobre o outro. Essa é a luta em Cuba.

Rompendo o bloqueio

KP

Cuba hoje está lidando com muita coisa: furacões, crises de energia, migração em massa para os Estados Unidos e, claro, o bloqueio vigente e as tentativas de derrubar a revolução, uma política enraizada no Corolário de Roosevelt e executada pela OEA. Como Cuba e outros países latino-americanos estão enfrentando pressões semelhantes para combater esses desafios?

VP

Dê uma olhada nos esforços de Andrés Manuel López Obrador (AMLO). Quando Cuba foi excluída da Cúpula das Américas, AMLO ficou indignado e disse que o México também não participaria. Desde então, ele vem liderando a luta contra o isolamento de Cuba. Quando era presidente, AMLO foi ousado e tentou construir fóruns internacionais pós-OEA que não estivessem enraizados na história anticomunista. Por que a OEA deveria ter sede em DC? Por que Washington deveria ter domínio sobre a agenda da OEA? Se você quer uma organização hemisférica, por que Cuba não está incluída?

O verdadeiro problema neste ciclo contínuo de crises que Cuba enfrenta é que ninguém conseguiu confrontar diretamente os Estados Unidos — além dos votos da ONU para tentar acabar com o bloqueio. Por que navios de certos países não chegam até lá? Cuba alugou navios-usina turcos por um tempo. Não é como se os navios fossem impedidos de entrar e sair de Cuba, mas, no final das contas, o bloqueio tem que acabar. Se o bloqueio acabasse, Cuba poderia transformar sua indústria farmacêutica, exportar medicamentos que salvam vidas e formar parcerias internacionais para patentes conjuntas. No momento, os medicamentos inovadores de Cuba não podem chegar ao mundo por causa do embargo.

O povo de Cuba se mantém firme porque sabe que se a revolução fracassar, eles retornarão às condições anteriores à Revolução Cubana em dezembro de 1958. Ninguém quer ir isso. Eles podem avançar? Precisam de capital, precisam de recursos e precisam obtê-los de algum lugar. Onde? Não sabemos. Talvez um dos países dos BRICS ou possivelmente a Turquia, que, é preciso notar, até se ofereceu para tirar os reféns israelenses feridos das mãos do Hamas.

Sobre os autores

é um historiador e comentarista marxista indiano. Ele é diretor-executivo do Tricontinental: Institute for Social Research, editor-chefe da LeftWord Books e membro sênior não-residente do Chongyang Institute for Financial Studies, Renmin University of China.

é um escritor e músico de Chennai, Índia, que mora em Nova Jersey. Seu trabalho apareceu em LA Review of Books, Poetry Foundation, Jacobin, the Baffler, the New Republic, the Wire (Índia) e Hyperallergic, entre outros lugares.

Cierre

Arquivado como

Published in América Central, Entrevista, Guerra e imperialismo and Militarismo

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