A inflação é um problema distributivo que afeta classes sociais de forma distinta e o seu combate não é neutro como defende o Banco Central "independente". Novo livro revela que assim como não se aperta parafuso com martelo, não se deve combater a inflação com juros altos - desacelerando a economia e atingindo principalmente os trabalhadores.
Artículos publicados por: Juliane Furno
é doutora em desenvolvimento econômico pela Unicamp.
Por que a neoindustrialização ecológica é do interesse da vasta maioria.
A Eletrobras é uma empresa superavitária que, só em 2019, lucrou R$ 13,7 bilhões. O projeto de privatização aumenta a tarifa para a população, enfraquece a soberania nacional através da falaciosa narrativa da "eficiência" do setor privado. Basta ver que os recentes apagões – em 2018 no Nordeste e em 2020 no Amapá –, foram ocasionados por empresas privadas e socorridos pela equipe técnica da Eletrobras.
Desde os anos 1980, liberais usam falsas premissas para defender a "independência" do Banco Central, com objetivo de privatizar os rumos da política econômica do país e esvaziar o poder do voto popular. Para que não coloquemos a raposa para cuidar do galinheiro, a única independência que precisamos é em relação aos seus “fiscalizados”, ou seja, os próprios bancos.
Celso Furtado, cujo centenário celebramos hoje, nos legou uma teoria econômica original que expõe as entranhas da armadilha do subdesenvolvimento. Dedicou sua vida a contribuir, na teoria e na prática, a um projeto de nação que arrancasse o país da condição subalterna. Mas a utopia desenvolvimentista, de conciliar a tríade “capitalismo”, “democratização” e “soberania”, encontrou seus limites na dinâmica da luta de classes.