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Manifestantes se reúnem dentro do edifício do Capitólio dos Estados Unidos em Washington, DC. (Win McNamee / Getty Images)

A polícia deixou que a extrema direita invadisse violentamente o Capitólio

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Tradução
Caue Seignemartin Ameni

Os trumpistas que invadiram o Capitólio hoje nunca teriam passado pela porta da frente se a polícia tivesse agido como fez com manifestantes do Black Lives Matter. Militantes de esquerda são tratados com brutalidade, enquanto os de direita são mimados pelas forças da ordem.

Vamos direto ao ponto: se a polícia federal não queria que os manifestantes de extrema direita estivessem dentro do Capitólio, eles não estariam dentro do Capitólio. No verão passado, a polícia e a Guarda Nacional atacaram manifestantes pacíficos do movimento Black Lives Matter que ousaram se aproximar demais de prédios federais. Inúmeras pessoas, inclusive eu, ficaram feridas.

A violência de hoje, que foi incitada pelo presidente Trump e viu tiros disparados e manifestantes posando para as câmeras na tribuna da Câmara dos Deputados, nunca teria passado pela porta da frente sem a aquiescência da Polícia Federal. As autoridades ofereceram resistência mínima à horda de pessoas enviada pelo presidente para impedir a contagem dos votos eleitorais. Com poucas exceções, a resposta tem sido simplesmente deixar a multidão de extrema direita passar e esperar para ver, em vez de evitar a violência e a invasão das instituições federais que está ocorrendo. A capital do Estado de Kansas também foi saqueada por partidários de Trump.

O turbilhão de hoje deixou claro o caráter do Estado nos EUA. Não vivemos em uma verdadeira democracia, e o aparato repressivo desse Estado simplesmente não adota abordagens diferentes para os manifestantes de esquerda e de direita por coincidência. Ele reprime brutalmente aqueles que ameaçam a classe dominante e mima aqueles que não o fazem.

Se a recém-confirmada maioria democrata quisesse, eles poderiam tornar este um momento divisor de águas na política dos EUA – um momento em que os liberais percebem que sua passividade só será enfrentada com mais violência. Agora é a hora de conter a ameaça violenta da direita, expurgando os agentes de segurança que simpatizam com a extrema direita, expulsando os membros republicanos do Congresso que incitaram essa violência e trabalhando para democratizar a vida econômica e política do país.

Não podemos, entretanto, contar com a própria força de segurança que permitiu que esse desastre o resolvesse. Devemos resistir firmemente aos esforços para aumentar os orçamentos e poderes da polícia em nome do contra-extremismo, visto que a polícia está do lado dos extremistas de direita, até mesmo posando para selfies com eles.

O Senado acabará por se reunir novamente, Joe Biden será confirmado como o presidente e o prédio do Capitólio saqueado será eventualmente esvaziado. Mas o que restará é a sensação entre a população e os representantes eleitos de que não estão protegidos da violência da direita e que uma multidão fascista pode ameaçar sua segurança com resistência mínima da policia. E sem uma resposta drástica, isso não é um bom presságio para nenhum de nós.

Sobre os autores

é um pesquisador irlandês e membro residente do Next System Project do Democracy Collaborative.

Cierre

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Published in América do Norte, Golpes de estado and Notícia

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