Os primeiros 100 dias de governo foram marcados pela reação ao golpe, retorno de políticas sociais, resgate do povo yanomami e a suspensão das privatizações e o novo ensino médio. Mas para continuar nesse ritmo, Lula vai precisar mobilizar as ruas - ou o bolsonarismo nos ameaçará novamente.
Artículos publicados por: Valerio Arcary
é historiador, militante do PSOL (Resistência) e autor do livro "O Martelo da História. Ensaios sobre urgência da revolução contemporânea"(Sundermann, 2016).
Temos quatro semanas para ocupar as ruas do país, abrir o diálogo nos locais de trabalho, conversar nos bairros, disputar a família alargada, mobilizar a militância e consolidar a vitória. Precisamos manter uma polarização implacável contra Bolsonaro e o perigo fascista.
Uma diferença dramática de votos decidirá se esta eleição irá ou não para o segundo turno. Mas o bolsonarismo não vai deixar de existir com a derrota e já ensaia contestar o resultado eleitoral. Por isso, o desafio da esquerda, tanto a moderada quanto a mais radical, é impulsionar as mobilizações de massa para derrotá-los nas urnas e nas ruas.
Neste dia, em 1917, Vladimir Lenin publicou as "Teses de abril" no Pravda. Entenda por que elas foram cruciais para consolidar o giro estratégico que levou os bolcheviques a triunfar na Revolução de Outubro.
O Partido Comunista Brasileiro foi fundado neste dia, em 1922, numa reunião em Niterói. Valerio Arcary analisa como, apesar das crises e erros táticos, o partido conseguiu ter um peso social, político e cultural na sociedade brasileira muito maior que seus pares na Argentina e México - e por que seus quadros foram militantes da mais elevada estatura, cruciais nas lutas populares e democráticas do século XX.
No dia 8 de março de 1917, Dia Internacional da Mulher, estourou a fagulha da revolução de fevereiro que desencadeou a queda do Czar Nicolau na Rússia. Leon Trotsky defendia que a vitória contra o czarismo deveria ser a antessala de uma segunda revolução - e ele estava certo.
Bolsonaro não tem futuro e está acuado com a avalanche de notícias ruins sobre o desastre econômico de seu governo e as revelações sobre como sua família operava o esquema da rachadinha no Rio. Para frear o golpe, garantir a democracia e acelerar a derrocada do bolsonarismo, a esquerda precisa mobilizar as ruas – ao invés de repetir os erros do passado.
Otelo Saraiva de Carvalho, um dos principais estrategistas da Revolução dos Cravos, morreu essa semana. Com uma personalidade carismática que transbordava paixão e sinceridade, parecido Chávez e Lamarca, ele e seus camaradas colocaram fim nos 48 anos de ditadura salazarista em Portugal.
Nas avaliações históricas há o perigo de se cair numa ilusão de ótica anacrônica que faz uma interpretação das lutas do passado somente pelos seus resultados do presente. A faísca de Junho de 2013 não foi a semente reacionária em que vivemos. Os manifestantes queriam mais serviços públicos, não o nacionalismo protofascista e neoliberal de Bolsonaro.