Press "Enter" to skip to content
Guru Mihkel Ram Tamm, final dos anos 1970. Cortesia de Hippies Soviéticos.

Os Hippies Soviéticos

[molongui_author_box]
Tradução
Guilherme Ziggy

Um olhar sobre a contracultura atrás da Cortina de Ferro.

UMA ENTREVISTA DE

Loren Ballhorn

Entrevista por
Loren Ballhorn

Embora os esquerdistas mais veteranos grasnem com a ideia, a cultura hippie segue associada ao protesto político no imaginário popular. Durante o auge da radicalização estudantil na década de 1960, a música, as roupas e a estética visual associada ao movimento hippie orbitavam a cultura de protesto da Nova Esquerda. Essas figuras continuam a alimentar caricaturas nas cabeças dos conservadores de esquerda até hoje.

Enquanto esse tipo particular de rebelião cultural foi mais proeminente nas sociedades fordistas do Ocidente capitalista, ela também encontrou seu caminho para fora do Atlântico e assumiu uma fórmula única na sufocante e cada vez mais estagnada União Soviética de Leonid Brejnev. Lá, milhares de jovens cidadãos insatisfeitos se uniram em uma rede subterrânea de hippies que se auto-denominava Sistema. A história desse movimento amplamente esquecido é o foco de um documentário recente intitulado Os Hippies Soviéticos (2017), e captura um recorte único da cultura durante a Guerra Fria, na qual ressoou um sentimento difuso e anti-autoritário entre os jovens de ambos os lados da Cortina de Ferro. Loren Ballhorn, editor da Jacobin, conversou com a diretora do filme, Terje Toomistu.


LB

Seu filme documenta a época e as vidas de uma rede de hippies, principalmente concentrada nos Estados Bálticos, mas espalhada por toda a URSS, chamada Sistema. De onde veio o nome e por que se tornou o apelido desse grupo de jovens soviéticos cabeludos e rebeldes?

TT

Segundo a lenda hippie, tudo começou em torno de um carismático hippie que morava em Moscou no final dos anos 1960 chamado Sontse, que se traduz como “ensolarado”. Ele era conhecido pelos outros hippies como “o sol”, enquanto a multidão de jovens ao seu redor passou a ser chamada de “sistema solar”. Sistema provavelmente se origina daí. Entretanto, nessa época, o Sistema ainda não funcionava como mais tarde se tornaria conhecida: uma rede auto-organizada e auto-sustentável de pessoas que compartilhavam certos valores e ideais e viajavam por todo o país para se encontrar em apartamentos ou fazer acampamentos em grandes grupos.

LB

Quando essa rede surgiu?

TT

A rede surgiu alguns anos depois, no início dos anos 1970. O movimento começou entre alguns indivíduos nas principais cidades da União Soviética que tinham acesso à música ocidental. Depois de um tempo, eles começaram a se perguntar se havia pessoas iguais a eles em outras partes do país e logo entraram em contato com cabeludos de outras grandes cidades. Foi quando o Sistema começou a se desenvolver como uma cultura, com hippies viajando pela URSS e dormindo uns nos sofás dos outros, nas casas de pessoas de cabelos compridos. As pessoas do Sistema compilaram agendas com os números de telefone de hippies localizados em diferentes cidades, permitindo-lhes entrar em contato com pessoas que tinham as mesmas ideias em Kaunas, Tallinn e outros lugares durante as viagens de verão.

LB

E quanto à política do movimento hippie? Sinto que eles se rebelaram de várias maneiras contra os mesmos tipos de atitudes conservadoras e normas sociais do contexto ocidental, mesmo sob um sistema socioeconômico e instituições políticas diferentes. Enquanto muitos jovens rebeldes estadunidenses na década de 1960 idealizaram, por exemplo, a Revolução Cultural de Mao na China, muitas passagens em seu filme parecem celebrar e idealizar toda e qualquer coisa americana. No entanto, como o próprio filme admite, a maioria dos primeiros hippies eram, na verdade, filhos da elite soviética. Quais foram os fatores que impulsionaram esse distanciamento?

TT

Havia definitivamente alguns aspectos semelhantes entre o Oriente e o Ocidente, mas também algumas diferenças. Na URSS, o pacifismo não era puramente político – tinha implicações no nível cotidiano e mundano. A sociedade soviética naquela época era profundamente autoritária e altamente militarista. A maioria dos hippies rejeitou essas atitudes e tentou modelar suas vidas diárias em torno de valores como “paz” e “amor”.

Dito isso, a cena hippie começou onde as pessoas tinham acesso à música e jornais ocidentais, e isso, é claro, só poderia acontecer entre a elite – as únicas pessoas na União Soviética que tinham acesso a produtos ocidentais. Oficiais de alto escalão – membros do Partido Comunista, agentes da KGB etc. – podiam obter permissão para viajar a países ocidentais, muitas vezes trazendo todos os tipos de presentes estrangeiros exóticos para seus filhos. Os filhos da elite também tinham mais dinheiro para comprar os LPs piratas, que eram muito caros. Frequentemente as pessoas formavam clubes de quatro ou cinco fãs de música que juntavam suas economias para comprar um disco e, em seguida, se revezavam fazendo cópias em fitas.

Nesse sentido, certamente havia um aspecto de dissidência social, mas também era uma questão de status. Se você tivesse uma boa coleção de discos, tinha muitos amigos. E assim, pelo menos no início, frequentemente os hippies eram filhos de famílias soviéticas poderosas. Ideologicamente falando, certamente houve essa idealização do Ocidente como o “mundo livre” e, em um menor grau, uma idealização do livre mercado.

LB

Então em tudo isso havia uma espécie de pintura pró livre mercado?

TT

Sim, porque associavam o livre mercado à boa música e bons jeans. Não que fossem a favor do capitalismo em si, o que havia era apenas uma noção idealizada da liberdade de consumo. Isso era mais ou menos verdade para grande parte da população soviética: o consumo era reprimido e, consequentemente, idealizado. As pessoas queriam usar jeans como uma expressão desse desejo de liberdade. Em retrospecto, é difícil julgá-las por isso – em uma sociedade onde os bens de consumo são difíceis de adquirir, é compreensível como o consumo poderia assumir esse significado.

LB

Uma coisa que não aparece em seu filme é a invasão soviética ao Afeganistão em 1979. A guerra no Afeganistão teve algum efeito no movimento hippie? Ele cresceu ou houve alguma relação com o sentimento anti-guerra?

TT

Bem, o Afeganistão não desempenha um papel no meu filme porque o documentário se concentra no surgimento do movimento hippie, que realmente se tornou uma massa social visível em 1971, quando se reuniram para protestar contra a Guerra do Vietnã em Moscou. A ocasião foi escolhida porque se alinhava tanto com a política externa do governo soviético quanto com um pacifismo prevalente entre a própria comunidade. Foi também um grande acontecimento, principalmente porque todos foram presos e tiveram seus nomes registrados pela polícia – de repente era muito perigoso ser um hippie na URSS.

Dessa forma, as autoridades mataram o elemento político do movimento – ele se tornou muito mais subterrâneo, mais voltado para si mesmo e talvez mais espiritual, mas agora também era associado às drogas e ao álcool. Os aspectos sociais e políticos retrocederam. Quando pergunto a velhos hippies se eles eram engajados politicamente, geralmente eles me respondem que viam a política como estagnada. Achavam que não havia como mudar muita coisa na sociedade soviética e que acabariam presos se tentassem. De certa forma, acho que sua rejeição à política, voltar-se para si mesmo, era em si uma forma de protesto.

LB

Havia alguma conexão entre o movimento hippie ou o Sistema e os intelectuais de Leningrado e a vanguarda soviética dissidente, ou eram separados?

TT

Certamente havia conexões. Na Estônia, por exemplo – que era uma sociedade relativamente livre em comparação com a maioria da URSS ­– as pessoas que trabalhavam nas músicas e nas artes, literatura etc., sempre estiveram “entre” essas esferas oficiais e não oficiais, fazendo sua própria arte radical livre enquanto tentavam manter uma boa relação com as autoridades. Muitas pessoas também se envolveram com a cultura hippie quando eram jovens, antes de se tornaram artistas soviéticos “oficiais” mais estabelecidos e aceitos. Eu deliberadamente foquei no Sistema, essa multidão mais radical de hippies que realmente “abandonou” a sociedade soviética e viajou pelo país como espíritos livres, mas certamente houve sobreposições com os artistas e a intelectualidade.

LB

E sobre o gênero? Não é muito um foco no filme, mas vários entrevistados fazem alguns comentários que sugerem que a política de gênero da comunidade não era particularmente progressista. Havia algum elemento feminista nesses ambientes?

TT

Os hippies soviéticos não tiveram uma revolução sexual comparável aos dos hippies ocidentais – comunas, amor livre e tudo o mais. Os hippies soviéticos se apaixonavam, viajavam como casais, mudavam de um parceiro para o outro etc., mas não havia o elemento do “amor livre”. Claro que havia muito sexo acontecendo, mas principalmente casos entre duas pessoas durante suas viagens pela União Soviética. Uma postura bastante convencional nesse sentido, mas ainda sim muito mais liberal do que o resto da sociedade!

Perguntei a várias mulheres hippies se elas se consideravam feministas, mas elas geralmente respondem que isso não se relacionava com suas vidas (com algumas exceções, é claro). No entanto, ouvi uma história sobre uma mulher chamada Ophelia, que liderava um grupo de hippies em Moscou e gostava muito de psicodélicos. Ela tinha vários companheiros e praticava uma forma consciente de “amor livre”. Havia mulheres poderosas na cena, mas em geral “meninos eram meninos e meninas eram meninas”, por assim dizer. Você precisa se lembrar que em primeiro lugar as mulheres eram socializadas na cena ao se apaixonarem pelos homens.

LB

Em muitos países do Bloco do Leste, havia uma certa sobreposição entre a política pró-democracia e um nacionalismo emergente. Uma dinâmica semelhante surgiu na comunidade hippie soviética? Em seu documentário, pelo menos um hippie ucraniano fala sobre “odiar a Rússia”, por exemplo.

TT

Sim e não. Alguns hippies certamente se entregaram ao nacionalismo, especialmente no Báltico, onde as pessoas ainda consideravam a era soviética como uma ocupação e, portanto, cresceram o tom nacionalista desde o início. No entanto, o Sistema era multicultural e multinacional, com o russo muitas vezes servindo como língua comum. Os hippies que se aprofundaram na espiritualidade não se relacionaram realmente com o nacionalismo emergente dos anos 1980, embora alguns dos protagonistas do filme, especialmente os ucranianos, misturassem um pouco a cultura hippie com isso.

Como você provavelmente viu no filme, os desenvolvimentos são mistos. Alguns hippies pós-soviéticos permaneceram firmemente comprometidos com o pacifismo e tentaram organizar protestos contra a guerra no leste da Ucrânia, por exemplo. O encontro hippie anual em Moscou, onde a cena final do documentário foi filmada, comemora o protesto anti-guerra de 1971 que trouxe a cena aos olhos do público. Aqui, muitas das pessoas com quem conversamos pareciam sentir uma certa continuidade entre o pacifismo daqueles tempos e o de agora.

LB

Há uma cena particularmente divertida no filme em que dois hippies mais velhos descrevem o cultivo de seu próprio ópio e maconha para um grupo de jovens de olhos arregalados. O conceito de usar essas plantas como drogas recreativas foi importado do Ocidente ou havia tradições locais?

TT

As drogas já estavam lá. Não era como se os hippies soviéticos tivessem pensado do nada, “oh, os hippies no Ocidente fumam maconha? Onde podemos encontrar a erva?”. Havia campos de maconha em algumas regiões da Rússia, na Ásia Central e na Ucrânia, geralmente usadas para produção industrial de cânhamo. Velhos hippies contam histórias de mulheres correndo nuas pelos campos de maconha, coletando pólen de cannabis em seu suor para fazer haxixe.

Também fiquei surpresa com as quantidades em que transportavam a droga. A menor unidade de medida era uma caixa de fósforos, seguida por uma xícara de chá e, além disso, muitas vezes, uma cesta de compras inteira. Por fim, as autoridades perceberam que algo estava acontecendo com a maconha, mas ficaram mais preocupadas com o aspecto comercial do que com o uso da droga em si.

As autoridades se incomodavam mais irritadas com os cidadãos soviéticos envolvidos em “especulação” do que os que ficavam chapados – suspeito que muitos funcionários do governo não conseguiam nem mesmo conceber o conceito. Existem muitas histórias sobre policiais invadindo casas de hippies em busca de literatura proibida, mas ignorando completamente a pilha de maconha na mesa da cozinha. Muitos dos velhos hippies me disseram que fumavam baseados no Café Moscou, no centro de Tallinn, porque ninguém conhecia o cheiro ou sabia o que era. Para consumir ópio, era habitual beber com chá de papoula. O problema aqui, porém, era que era difícil medir a quantidade de ópio que ia no chá, e às vezes as pessoas morriam de overdose.

LB

Uma coisa que percebi sobre o rock da era soviética é a mistura altamente eclética de estilos, combinando influências e gêneros de todo o cânone do pop-rock ocidental com suas próprias criações e formas que costumam ser bastante surpreendentes para os ouvintes acostumados às cenas musicais britânicas e americanas. Até que ponto esses músicos foram capazes de promover seu trabalho por meio de canais oficiais sancionados pelo Estado? Alguns dos videoclipes da época mostrados no documentário parecem ter uma qualidade de produção bastante elevada. Eles estavam se apresentando na televisão ou rádio, ou tudo era inteiramente subterrâneo?

TT

Eles eram em grande parte subterrâneos. Aqueles que conseguiram gravar suas músicas profissionalmente descreveram isso muitas vezes como um “milagre”. A banda estoniana Suuk, por exemplo, de alguma forma conseguiu gravar seu álbum em um único dia de 1976 dentro de um ônibus de rádio estatal. Este foi certamente o caso na Estônia, onde as pessoas gozavam de liberdades relativamente mais amplas do que no resto da URSS, e é também por isso que a cena estoniana era mais vibrante do que em outros lugares. Ainda assim, essas bandas basicamente nunca vieram à público ou foram promovidas pela Melodia, a gravadora do Estado. Algumas exceções ocorreram, mas eram muito raras e obscuras. É particularmente difícil encontrar gravações em alta qualidade da música underground russa desse período. Devido ao acesso limitado ao equipamento de gravação, essas bandas tiveram que improvisar e ser muito criativas na produção de suas músicas, o que também lhes conferiu um som muito único e específico.

LB

Seu filme apresenta um clipe de noticiário soviético denunciando hippies por roubar a fiação de cabines telefônicas para fazer suas guitarras, mas não entra em maiores detalhes. Essa parecia ser uma reclamação oficial comum contra os hippies na URSS. O que estava acontecendo lá?

TT

Isso acontecia porque muitas pessoas na União Soviética faziam suas próprias guitarras, enquanto os instrumentos mais amplamente disponíveis eram fabricados na antiga Tchecoslováquia. Os garotos hippies soviéticos do final dos anos 60 usavam as bobinas eletromagnéticas dos receptores de telefonia como dispositivos de captação para guitarras elétricas, o que basicamente transformava qualquer violão acústico em uma guitarra. Como os aparelhos de captação não estavam prontamente disponíveis nos canais oficiais, as crianças improvisaram os seus próprios, destruindo cabines telefônicas.

LB

Muitas pessoas no filme descreveram o fato de terem sido enviados a enfermarias psiquiátricas por seus pais ou outras figuras de autoridade como uma retaliação por seu envolvimento na cena hippie. Isso era comum?

TT

Um dos hippies no filme descreve ter sido enviado por sua mãe a uma ala psiquiátrica por causa de sua reação entusiástica à uma cópia pirata de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band dos Beatles, que a fez pensar que ele tinha enlouquecido. Este caso ilustra o poder das normas sociais em geral na sociedade soviética da época, onde não apenas as autoridades, mas também grande parte da população impunha uma cultura conformista muito obsoleta. Além do assédio da polícia, os hippies também enfrentaram o policiamento moral de cidadãos comuns, que se referiram aos hippies jocosamente como “cabeludos” e os denunciavam às autoridades.

É por isso que os hippies que eram vistos como líderes do movimento ou considerados muito visíveis para o gosto do Estado eram frequentemente enviados para hospitais psiquiátricos em vez de prisões regulares. Um dos grandes medos do movimento era de serem enviados a hospitais por causa de doenças pele ou sexualmente transmissíveis, que tinham punições particularmente severas. Frequentemente, as autoridades identificavam ou simplesmente inventavam a presença de piolhos em hippies presos e usavam isso como desculpa para forçá-los a cortar o cabelo. Psicologicamente isso era muito difícil para muitos, já que os cabelos longos eram considerados a “bandeira da liberdade”, um dos principais símbolos inconformismo na URSS da época.

Entretanto, um aspecto interessante da dinâmica com o hospital psiquiátrico era o serviço militar obrigatório. Aqui, eles frequentemente encontravam outros artistas, músicos e, em geral, pessoas “boêmias” que queriam fugir do alistamento. Aos poucos, a equipe do hospital percebeu que essa era uma estratégia para os objetores de consciência, dando a eles um diagnóstico e os mandando de volta para a casa. É importante notar que, embora muitos deles tenham passado por experiências terríveis e traumatizantes nesses hospitais, houve também esse aspecto social positivo para alguns.

LB

Em retrospecto, como os hippies soviéticos que você entrevistou refletem sobre suas experiências de trinta ou quarenta anos atrás? Eles geralmente se orgulham do que fizeram? Sentem falta disso?

TT

Trabalhei neste projeto por cerca de seis anos – organizamos uma exposição em um museu há alguns anos e o filme foi exibido nos cinemas da Estônia por vários meses. Ele fez uma contribuição notável para revitalizar velhas amizades e conexões hippies e trouxe o movimento de volta à vida de algumas formas – ou pelo menos suas memórias. Muitos dos hippies soviéticos sobreviventes esperam que o filme e a experiência que ele documenta ajudem a inspirar a juventude de hoje – afinal, mesmo que o sistema sociopolítico nos estados da ex-URSS tenha mudado muito desde os anos 70, a luta contra o militarismo e a conformidade social permanece basicamente a mesma.

Sobre os autores

é um documentarista, autor e antropólogo estoniano. Seu trabalho frequentemente se baseia em vários processos transculturais, realidades queer e memória cultural. Seu filme mais recente, Soviet Hippies, está atualmente em exibição em festivais de cinema ao redor do mundo.

Loren Balhorn é um editor contribuinte jacobino em Berlim, Alemanha, onde é membro do Die Linke.

Cierre

Arquivado como

Published in Antifascismo, Cultura, Entrevista, Europa and Filme e TV

DIGITE SEU E-MAIL PARA RECEBER NOSSA NEWSLETTER

2023 © - JacobinBrasil. Desenvolvido & Mantido por PopSolutions.Co
WordPress Appliance - Powered by TurnKey Linux