As revoluções se constituem como mudanças na estrutura interna dos Estados que transformam radicalmente a sociedade e, em especial, a relação entre as classes. As revoluções não abrangem somente a mudança política ou constitucional, mas também a participação das massas no processo – o alvo central das revoluções é a forma do Estado e o controle do poder político. Quando olhamos para o continente africano, é possível observar um ciclo vicioso de poder nos Estados após as lutas de libertação nacional. A administração colonial direta é rompida pela eclosão de movimentos de independência que, muitas vezes pela falta de um projeto político coletivo bem delineado, leva esses países a caírem na armadilha da militarização do poder, com governos regidos por elites nacionais que possuíam estreitas relações com as antigas potências coloniais.
Por anos Burkina Faso – antes conhecida como “República do Alto Volta”, denominação herdada do período colonial – foi um caso como esse. Em 1983, porém, eclode uma revolução de inspiração marxista que levou um pequeno país, empobrecido e sem acesso ao mar, aos anais da história mundial.
A Revolução de Burkina Faso irrompe na confluência de distintos fatores: uma crise no interior da classe dominante (em particular, com a agudização de um conflito entre a elite proprietária corrupta e as Forças Armadas), a ascensão de Thomas Sankara em um papel de liderança político-militar e a entrada em movimento da classe trabalhadora, que ao se rebelar contra a exploração capitalista abre caminho na história do país para um novo projeto político.
Alto volta e a independência
Burkina Faso significa “terra de homens íntegros”. O país recebeu esse nome no dia 4 de agosto de 1983, por Thomas Sankara, a mais destacada liderança do processo revolucionário. Ex-colônia da França, Burkina Faso se localiza no oeste do continente africano e faz fronteira com Mali, Níger, Benin, Togo, Gana e Costa do Marfim. Em 1896 se iniciou o protetorado francês no território, oficialmente estabelecido em 1919 com a conquista da capital, Ouagadougou.
O período pré-colonial ainda é pouco estudado, porém se sabe que até o final do século XIX a história de Burkina Faso foi centrada no Império Mossi, um dos grandes impérios do continente africano. Em 1960, no chamado Ano Africano, Burkina Faso ganha sua independência, assim como diversos outros Estados do continente que, após um longo período de resistência e enfrentamento ao colonialismo europeu, conquistam a emancipação política formal. Maurice Yaméogo foi o primeiro presidente do Estado independente, e ficou no poder até 3 de janeiro de 1966, quando é deposto por um golpe de Estado liderado por Sangoulé Lamizana. Desde sua independência, a história de Burkina Faso é caracterizada por ditaduras militares de média e longa duração, um padrão que, tragicamente, persiste até os dias de hoje.
Thomas Sankara entra em cena
Há certos fenômenos universais em países com governos ditatoriais na margem do sistema capitalista mundial: a elite dirigente autoritária costuma ficar tão acostumada com sua posição de poder que passa a achar que nada pode abalá-la; a classe burguesa, protegida em seus palácios luxuosos, se convence que o povo está tão subjugado e desmoralizado que jamais ousaria levantar a voz para exigir mudanças. A história das revoluções mostra que a resignação não é eterna. O dia do acerto de contas uma hora chega. Um povo explorado, farto de uma situação na qual o luxo de poucos seja sustentado na fome de muitos, se coloca em marcha e decide agir para assumir seu destino com as próprias mãos.
De 1966 até 1980, Sangoulé Lamizana ficou no poder. Como outros ditadores, Lamizana não aceitava oposição e fazia uma gestão desastrosa da economia. Ao favorecer a França em acordos bilaterais, principalmente no campo industrial e de recursos naturais, acaba por danificar o relacionamento diplomático de Burkina Faso (na época ainda Alto Volta) com os Estados africanos vizinhos. Essa tensão se torna potencialmente explosiva no caso de Mali. A relação entre os dois países nunca foi das melhores, devido à disputa territorial histórica sobre a região conhecida como a Faixa de Agacher, situada ao nordeste de Burkina Faso e ao norte do Mali, rica em gás natural e recursos minerais. A isso, soma-se um grande fluxo de imigrantes burkinabes pobres cruzando a fronteira. Em 1974, essa tensão acumulada converte-se em guerra aberta.
Qual a importância de tudo isto para uma Revolução que só irá acontecer quase uma década depois? A resposta é simples: foi nesse conflito militar que ganhou notoriedade uma jovem oficial, cujo nome se tornou popular de norte a sul em Burkina Faso. Mais tarde esse nome ganharia uma estatura quase mítica, imortalizado em canções revolucionárias e recordado por militantes de todo o planeta: “Thomas Sankara”.
Terceiro de doze filhos, Thomas Isidore Noël Sankara nasceu no dia 21 de dezembro de 1949 em Yako, uma cidade ao norte de Burkina Faso. Filho de uma mãe da etnia mossi e de um pai da etnia fulani, ambos de camadas baixas da estrutura social do país, Sankara cresceu em meio à pobreza. Ingressando no Exército para escapar da miséria, ascende ao posto de Capitão. Sankara foi um dos diversos soldados enviados por Burkina Faso para lutar na Guerra da Faixa de Agacher. Comandou um pequeno grupo responsável por capturar alguns combatentes malianos. Na ocasião, o feito foi publicizado na imprensa, o que deu à Sankara o título de “herói de guerra”. O próprio Sankara, no entanto, era um veemente crítico da guerra – para ele, não haveria sentido em lutar por fronteiras estabelecidas por colonizadores. Sankara via a guerra como uma consequência da injustiça social criada pelo colonialismo e perpetuada pelas elites dominantes de ambos os países.
Parece haver algo em comum em todos os grandes líderes revolucionários da história: o carisma. Na política, o carisma é uma qualidade especial de liderança que envolve o imaginário popular e inspira confiança, lealdade e até devoção. Sankara representou a figura de um líder jovem e carismático de um país pequeno que procurou enfrentar um mundo desigual, brutal e corrupto.
Lamizana, que governava Burkina Faso na época, sofria uma crise de credibilidade. O país enfrentava uma crise severa em seu aparato estatal, com precarização, nepotismo e corrupção. Daí resulta uma ruptura interna nas Forças Armadas. Se, como instituição, o Exército estava unanimemente a favor de pôr um ponto final na incompetência de Lamizana, por outro lado não havia a mesma unidade no exercício de poder, nas escolhas políticas e ideológicas. A jovem ala dos capitães (a qual Sankara pertencia, juntamente com seu amigo mais próximo, Blaise Compaoré) queria mudanças na estrutura social, política e econômica de Burkina Faso, sob óbvia inspiração socialista. Essa linha, no entanto, não agradava os demais setores das Forças Armadas, mais conservadores. Assim, de 1980 até 1983, desenvolveu-se uma crise política generalizada, até que a ala revolucionária, sob liderança de Sankara, se impôs, iniciando um governo com um programa de transformações sociais profundas.
A proclamação da Revolução Democrática do Povo no dia 4 de agosto de 1983 marca o fim da repartição do poder entre as elites civis e elite militar que, às vezes juntas e às vezes opostas, vinham governando o país desde sua independência da França. A convergência dos interesses das camadas populares e da ala revolucionária do Exército permitiu a transformação do aparato estatal. A socialização dos principais meios de produção veio na sequência. Pela primeira vez na história política do país, chegava ao poder um movimento cujo objetivo declarado era o de transformar a sociedade por meio da transferência de poder das mãos da elite proprietária para a classe trabalhadora.
O Discurso de Orientação Política, proclamado por Thomas Sankara no dia 2 de outubro de 1983, teve como objetivo orientar, ideologicamente, o caráter da revolução. Nas palavras de Sankara:
“Nosso povo resistiu ao teste da luta heróica e finalmente triunfou na noite de 4 de agosto de 1983, que agora se tornou histórica. Passaram-se quase dois meses desde que a revolução se tornou um passo irreversível em nosso país. Dois meses desde que o povo combatente de Alto Volta mobilizou-se como um só soldado por detrás do Conselho Nacional Revolucionário (CNR) para construir uma nova sociedade voltaica, livre, independente e próspera, livre de injustiças sociais, libertada da secular dominação e exploração do imperialismo internacional.”
A reforma agrária e o conflito com as lideranças tradicionais
Nos meses seguintes à Revolução, foi criado pelo CNR o Programa para o Desenvolvimento (PPD), que tinha a função de criar uma estratégia viável para o desenvolvimento. Contudo, o PPD acaba por ser mais um catálogo de objetivos do que um instrumento real de planejamento. Apesar das limitações e deficiências, o PPD ao menos teve o mérito de expressar a intenção do CNR de incluir o campesinato no processo de desenvolvimento político e econômico de Burkina Faso, à exemplo da reforma na agricultura e da reforma agrária de 9 de agosto de 1984.
A reforma agrária de 9 de agosto de 1984 tem duas consequências relevantes: em primeiro lugar, constitui um ataque frontal às próprias bases do poder das autoridades tradicionais do país e, em segundo lugar, lança as bases para uma reorganização total no sistema de posse de terras em direção à propriedade e gestão coletivas, promovendo uma organização do campesinato em “estruturas democráticas” para a organização científica do trabalho agrícola. Ao retirar o poder das lideranças tradicionais, o CNR aspirava romper o sistema tradicional de dominação e desigualdade, abrindo caminhos para a emergência de alianças sociais mais receptivas ao discurso de libertação contra subordinação e opressões hierárquicas (o artigo de René Otayek “The Revolutionary Process in Burkina Faso: breaks and continuities” é uma boa introdução para quem estiver interessado em saber mais sobre a tentativa de reforma agrária de Burkina Faso).
Entretanto, as antigas lideranças tradicionais ainda preservavam considerável influência, e organizam uma férrea oposição ao governo central, a fim de impedir a transformação das relações sociais, da qual o sucesso efetivo das reformas agrária e de propriedade dependiam. A elite tradicional descontente se aproveita da crise econômica para se aliar à investida imperialista dos países contrários à Revolução (especialmente os EUA e a França), procurando fragilizar o governo central de Sankara – e assim implodir o processo de transformações socialistas.
A tênue balança diplomática
As relações internacionais de Burkina Faso em seu período revolucionário são complexas. Países como Gana, Congo e Angola eram favoráveis ao regime revolucionário de Sankara, pois viam o líder burkinabe como uma espécie de porta-voz da posição africana contra a pobreza, a corrupção e a dominação ocidental. Durante o período revolucionário, houve uma maior aproximação com a União Soviética e países como Cuba e Líbia, além de uma ampliação do relacionamento bilateral com a Coreia do Norte e a China, e a inserção de Burkina Faso no Movimento dos Países Não-Alinhados.
Por outro lado, existiam também tensões entre Burkina Faso e países vizinhos como Togo, Mali e, principalmente, a Costa do Marfim. Félix Houphouët-Boigny, presidente da Costa do Marfim, era considerado pelo governo dos Estados Unidos um aliado indispensável na África Ocidental na luta contra a “ameaça comunista” e na defesa dos interesses das democracias ocidentais na região. Para lidar com as posições anticomunistas dos países vizinhos, o Conselho Nacional Revolucionário (CNR) adota uma política externa pragmática, que provoca críticas por parte de apoiadores e intelectuais. Deste modo, durante o período revolucionário de Burkina Faso, o equilíbrio de poder da África Ocidental consistiu na disputa, de um lado, de países pró-Ocidente e com políticas anticomunistas como Costa do Marfim, Togo e Mali; e de outro a experiência socialista de Thomas Sankara no jovem Estado de Burkina Faso.
Alguns estudiosos, como Skinner Elliot, apontam que Sankara parece não ter compreendido bem a complexa realidade de poder da sociedade de Burkina Faso, visto que o líder burkinabe não procurou forjar alianças com as autoridades tradicionais e religiosas do país, especialmente no que se refere ao Mogho Naba. O Mogho Naba é um título destinado ao descendente direto da Princesa Yennenga (a governante mais famosa do antigo Império Mossi), sendo carregado por aquele que se torna a maior autoridade tradicional do país, responsável por facilitar o diálogo entre cristãos e muçulmanos, além de ter muita influência política. Assim, ao nem considerar compor vínculos com as autoridades tradicionais, Sankara pode ter cometido um erro de julgamento, o que acabou provocando consequências trágicas para o futuro do país.
Uma traição fatal
A complexidade dos eventos que antecederam o final drástico da Revolução tiveram também suas raízes na política internacional. Os embargos econômicos à Cuba e a decadência da União Soviética enfraqueciam as experiências socialistas em todo o mundo. O movimento comunista internacional se encontrava profundamente fragmentado; em muitos lugares já em evidente recuo. Ao final da década de 80, as esperanças revolucionárias pareciam estar em recuo no mundo, deixando na esquerda um sentimento de pessimismo. Poucos meses antes de sua morte, em 1987, Sankara reconhece a situação defensiva em um discurso:
“Eu gostaria de lembrar a vocês que os episódios políticos que ocorreram neste ano agora acabaram, tendo submetido à nossa revolução todos os tipos de eventos contraditórios. Ainda há certa contradição sobre o que ainda não encontramos. Nós vimos outras revoluções nascerem, se desenvolverem e, às vezes, morrerem. Bem, isso pode também acontecer com a nossa revolução.”
Em uma entrevista para a revista Africa International, Sankara comentou sobre o seu relacionamento com Blaise Compaoré, companheiro de revolução e um de seus melhores amigos. Na ocasião, Sankara disse que ele se considerava sortudo em ter alguém que pudesse confiar completamente. Ele termina a entrevista dizendo que: “se algum dia se ouvir que ele [Compaoré] planeja um golpe contra mim [Sankara], não perca tempo em tentar impedi-lo, pois já será muito tarde para isso”. Palavras tragicamente proféticas.
Sindicatos, partidos políticos, estudantes universitários e membros do CNR pressionavam Sankara a estabelecer diferentes padrões de governo. A economia do país estava em crise, e muitos temiam a eclosão de um conflito com a Costa do Marfim. Para alguns, Sankara era idealista demais. Havia ainda a dificuldade de conciliar as organizações políticas de esquerda com as diretrizes do CNR. Os debates, cada vez mais duros, representavam a disputa pelo poder entre as diferentes facções do governo central.
Há quem diga que Thomas Sankara estava ciente de um golpe em andamento e, inclusive, da traição de seu amigo, Blaise Compaoré. Não temos como saber, podemos apenas imaginar a profunda tristeza e dor de sofrer uma traição de um companheiro tão próximo. No dia 8 de outubro de 1987, Sankara se reuniu com os dois membros militares mais importantes do CNR, Compaoré e Lingani, para discutir se seria criado um partido unitário (nos moldes soviéticos) ou um sistema pluralista político, respeitando todas as tendências políticas. Sankara se opôs à criação de um partido único. A reunião terminou em briga. E no dia 15 de outubro de 1987, o capitão Thomas Sankara foi assassinado em um golpe de Estado planejado pelo capitão Blaise Compaoré, com o apoio do major Jean-Baptiste Lingani e do capitão Henri Zongo. Decisivamente, o golpe contou com financiamento e suporte político da CIA e do governo francês.
O legado
Sankara morreu jovem: tinha apenas 37 anos quando foi vítima da traição contra-revolucionária. Em sua curta atividade política, foi um anti-imperialista convicto, um pan-africanista orgulhoso e, sobretudo, um revolucionário internacionalista. Em seu célebre discurso de 1984 à Assembleia Geral das Nações Unidas, Sankara afirma que os revolucionários de Burkina Faso querem “aproveitar a herança de todas as revoluções do mundo” e de “todas as lutas de libertação do terceiro mundo”:
“A revolução francesa de 1789, que perturbou os alicerces do absolutismo, nos ensinou os direitos do homem ligados aos direitos dos povos à liberdade. A grande revolução de outubro de 1917 transformou o mundo e tornou possível a vitória do proletariado, abalou as bases do capitalismo e tornou possíveis os sonhos de justiça da Comuna de Paris”.
Thomas Sankara, “O Rebelde”, impressionou a todos com sua disposição em viver apenas daquilo que seu país produzia: diminuiu o próprio salário e não acumulou riquezas pessoais. Como presidente de uma Burkina Faso revolucionária, realizou feitos inimagináveis. As campanhas educativas diminuíram dramaticamente a taxa de analfabetismo, em apenas 4 anos de presidência, a taxa de alfabetização pulou de 13% para 73%. Mais de 10 milhões de árvores foram plantadas em um programa de reflorestamento para prevenir a desertificação. Foram vacinadas mais de 2,5 milhões de crianças contra meningite, febre amarela e sarampo, em um dos programas públicos de imunização mais ousados do mundo (esse e outros dados impressionantes podem ser encontrados no livro Historical Dictionary of Burkina Faso, de Daniel M. McFarland e Lawrence A. Rupley).
Sob a liderança de Sankara, o governo revolucionário de Burkina Faso também se comprometeu com políticas de promoção da igualdade de gênero, proibindo a poligamia masculina e a mutilação genital feminina, e incentivando ativamente as mulheres a ocupar espaços tradicionalmente masculinos, em especial nas Forças Armadas e na política. Uma de suas citações hoje mais célebres reflete justamente esse compromisso de entrelaçar o sucesso revolucionário à libertação das mulheres: “Não falamos da emancipação das mulheres como um ato de caridade ou por causa de uma onda de compaixão humana. É uma necessidade básica para o triunfo da revolução. As mulheres sustentam a outra metade do céu”.
A Revolução de 1983 de Burkina Faso foi uma das últimas experiências socialistas na África. Thomas Sankara acreditava que, para o sucesso de um processo político revolucionário, se deveria ter a completa transparência das ideologias políticas, para que o povo tivesse completa noção e consciência dos atos dos líderes políticos. De acordo com suas palavras: “um militar, uma pessoa sem formação política, ideológica, não é nada mais que um criminoso em potencial”.
As revoluções irrompem quando coincidem duas condições: a revolta dos dominados e a impossibilidade dos governantes continuarem governando. Em uma entrevista de 1985, Sankara indica que há uma dose de delírio em abraçar a revolução, mas que é por meio dessa “loucura” que a história avança:
“Você não pode realizar mudanças fundamentais sem uma certa dose de loucura. Neste caso, vem da inconformidade, da coragem de virar as costas às velhas fórmulas, da coragem de inventar o futuro. Foi preciso os loucos de ontem para que pudéssemos agir hoje com extrema clareza. Eu quero ser um desses loucos. Devemos nos atrever a inventar o futuro”.
Apesar do fatídico fim de uma Revolução que foi impedida de florescer pela violência imperialista, o maior legado que nos deixa a experiência do governo socialista de Burkina Faso é a crença inabalável na capacidade do povo africano – e de todos os povos oprimidos e explorados – de se libertar da dominação neocolonial e capitalista.
Sobre os autores
é graduanda de Relações Internacionais na UFRGS. Ela estuda a Revolução de Burkina Faso de 1983 e Thomas Sankara desde 2018.