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À luz da história, a classe trabalhadora e seus protagonistas se mantêm fortalecidos graças aos esforços hercúleos dos membros de suas fileiras. Sem uma base organizada ativa e sem uma formação sólida, não haveria sustentação para a luta de classes. Assim foi com seus periódicos, revistas, jornais e panfletos. A propaganda comunista foi respaldada e oxigenada a partir da resistência coletiva de jornalistas, designers, editores, leitores e militantes.
No curso dos vários regimes que assolaram não só este país, como outras nações oprimidas da América Latina, Europa, Ásia e África, a imprensa livre foi fundamental para os movimentos revolucionários e para a educação militante. A consolidação de muitas das lutas, táticas e distintas vitórias é fruto da liberdade de imprensa.
É sabido que os caudilhos do poder tentam silenciar os atores sociais e seus meios de interlocução desde que a prensa tipográfica foi criada em 1465. O primeiro jornal brasileiro de oposição ao colonialismo português era impresso em Londres e contrabandeado de navio até aqui.
Mais adiante, na década de 1960, em todo o mundo, a chamada imprensa alternativa deu novo fôlego à revolta, fazendo de suas charges e do deboche um grande cartucho de resistência política. Abraçamos essa experiência como referência vital contra os regimes autoritários que aviltam nossos direitos fundamentais.
Aqui no Brasil, a Versus contaminou o status quo com seu poderoso jornal militante, que foi um formidável instrumento de educação operária de base na era das grandes greves. O Movimento e o Opinião regurgitaram resistência, causaram pânico nos milicos e pagaram caro: sofreram ataques e foram boicotados. E o pujante Lampião da Esquina foi o grito lgbtqi+ que saiu das ruas do Rio de Janeiro para as bancas do nosso país e se transformou em um dos maiores veículos de seu tempo.
Também não podemos deixar de citar Astrojildo Pereira, Patrícia Galvão, Jorge Amado e o oceano de grandes jornalistas das fileiras do velho PCB, que a partir de 1922 ocuparam oficinas para forjar uma nova linguagem, uma nova estética, que hoje inspira os mais diversos veículos militantes. Do outro lado do rio, com Mário Pedrosa e sua turma, aprendemos igualmente: a crítica aos nossos, a insatisfação com velhas cartilhas, a arte como política, a política como arte. Reivindicamos essa história como nossa.
No entanto, a estrada é de brita. Por isso, novamente, nos voltamos a vocês, nossos camaradas, apoiadores, leitores e incentivadores. Ao entrar em nosso terceiro ano, precisamos mais do que nunca do suporte de vocês para seguir nesta tarefa do enfrentamento cotidiano. A Jacobin Brasil é feita por vocês e para vocês.
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Sobre os autores
é poeta, jornalista, diretor de criação da Jacobin Brasil e autor de Consultas autônomas (2019).