Press "Enter" to skip to content
Palestra Itália em seu primeiro jogo oficial. Ezequiel Simoni, que conduziu a reunião de fundação e foi escolhido para ocupar inicialmente a presidência do clube, já se notabilizava por seu envolvimento com atividades culturais do operariado anarquista. (Wikimedia Commons)

Como anarquistas e operários construíram o Palmeiras

[molongui_author_box]

Neste dia, em 1914, nascia a Sociedade Esportiva Palmeiras. Embora se saiba de suas origens em associações culturais e clubes de bairro formados por imigrantes italianos, a história oficial muitas vezes apaga a participação de militantes anarquistas, antifascistas, sindicatos radicais e atletas negros nesse processo.

O livro No gramado em que a luta o aguarda: antifascismo e a disputa pela democracia no Palmeiras, lançado pela editora Autonomia Literária, é uma obra incontornável de autoria do historiador Micael Zaramella. Em suas páginas, é apresentado ao leitor a complexa memória de lutas da Sociedade Esportiva Palmeiras, que completa 108 anos neste 26 de agosto. Zaramella fala sobre a participação de minorias, oprimidos e militantes na construção deste que é um dos clubes de futebol mais populares, e vitoriosos, no mundo.  

A partir de uma extensa pesquisa de mestrado, agora transformada em livro, Micael Zaramella traz à luz as lutas democráticas e as disputas antifascistas estabelecidas no Palmeiras  (à época Palestra Italia) durante as décadas de 1920, 30 e 40,  expandindo a abordagem do clube de origens italianas para muito além do recorte específico do fascismo histórico. 

O autor contempla eventos ocorridos ao longo de todo o século XX como o Jogo Vermelho de 1945 – em que Palmeiras e Corinthians disputaram um amistoso para  arrecadar fundos para campanhas eleitorais do Partido Comunista –, as experiências democráticas de autogestão da equipe capitaneadas por atletas durante a década de 60 – antecipando práticas que viriam a adquirir maior visibilidade décadas depois com a chamada Democracia Corinthiana –, a realização de bailes black no ginásio do clube durante a década de 1970, a existência de torcidas que pautavam questões políticas já na década de 1980 – como a torcida organizada Anarquia Verde –, e as práticas políticas atuais de coletivos de esquerda como Palmeiras Antifascista, Porcomunas, Palestra Sinistro entre outros.

O resultado é uma obra necessária, que afirma a relação entre política e futebol em todas as suas dimensões, com especial ênfase na trajetória histórica do clube, em seus mais de cem anos de vida e mais de uma dezena de milhão de torcedores. Por isso, disponibilizamos um trecho do livro a seguir, retirado do primeiro capítulo da obra, que nos apresenta a diversidade social e política que ambientou a fundação do Palestra Italia em 1914.


Em 26 de agosto de 1914, um grupo de indivíduos – em sua maioria de origem ou ascendência italiana – reuniu-se no Salão Alhambra, conhecido local de reuniões e festas da época, localizado na Rua Marechal Deodoro, nº 2, para criar conjuntamente uma nova agremiação esportiva e social, então denominada de Società Sportiva Palestra Italia. De acordo com o historiador Alfredo Oscar Salun, eram “elementos da classe média, comerciantes, operários”, que se reuniam com o objetivo de formar uma associação desportiva orientada pelo referencial de etnicidade, no caso identificada à nacionalidade italiana.

Agremiações de tal tipo, formadas com objetivos e finalidades diversas, constituíam um notável fenômeno associativo em curso na cidade de São Paulo desde fins do século XIX, composto por uma ampla variedade de sociedades de ajuda mútua, associações de categorias laborais, sindicatos e clubes de bairro formados por imigrantes italianos. Tais iniciativas, inicialmente, orientavam-se pelo objetivo de promover agrupamento comunitário, diante das condições de uma nova vida atravessada pelo desenraizamento, pelo estranhamento e por tensões cotidianas entre os grupos sociais diversos que habitavam a capital: conforme demonstrado por historiadores como Jeffrey Lesser.

“Naqueles tempos, quando se falava em operário, falava-se no italiano, e a agremiação palestrina dedicava-se, em seus primeiros anos, em manter-se acessível a esta classe.”

Segundo ele, nas décadas de virada do século XIX para o século XX, as experiências de “discriminação social, cultural e racial” em relação aos imigrantes italianos eram recorrentes no cotidiano da capital paulista, levando-os a apartarem-se com frequência dos brasileiros, fechando-se em grupo. A partir de 1904, data em que foi realizado o Primeiro Congresso de Sociedades e Institutos Italianos, intensificou-se a incidência de uma certa noção de italianidade na formação das associações, à medida em que estas passavam a ser entendidas como importantes instrumentos de consolidação da nacionalidade italiana.

Isso ocorria, fundamentalmente, por conta do recente processo de unificação italiana (efetivamente consolidada na década de 1870) praticamente coincidir temporalmente com a massiva emigração de italianos para as Américas, resultando na ausência de uma identificação nacional consolidada. Conforme apontado pelo historiador João Fábio Bertonha, os imigrantes italianos 

[…] não se viam, muitas vezes, como compatriotas, mas como vênetos, calabreses, lombardos ou sicilianos, com grandes dificuldades de comunicação e um sem-número de preconceitos e barreiras linguísticas e culturais impedindo uma maior união entre eles.

De tal modo, parte da construção do sentimento nacional de italianidade se dava fundamentalmente no ambiente da diáspora italiana, e os imigrantes instalados em diversos países das Américas (como Argentina e Estados Unidos, além do Brasil) se estabeleciam como os sujeitos protagonistas deste processo de elaboração identitária.

Primeiro presidente do clube: um militante anarquista

Em 1914, a visita das equipes italianas Pro Vercelli e Torino FC à cidade de São Paulo – disputando amistosos contra clubes locais – fomentou o surgimento de diversas agremiações orientadas pelo aspecto étnico italiano. Entre estas diversas iniciativas situou-se a convocatória realizada pelo jornalista Vincenzo Ragognetti no jornal ítalo-paulistano Fanfulla, pela fundação de uma equipe de futebol própria da coletividade italiana na cidade. A partir desta convocatória realizou-se a reunião que culminou na criação do Palestra Itália: da qual participaram 48 pessoas, dentre elas destacaram-se os nomes de Ezequiel Simoni, Luigi Cervo, Vincenzo Ragognetti e Luigi Marzo, integrantes da diretoria constituída na reunião que, nas narrativas oficiais da história do clube, ficaram conhecidos como os seus quatro fundadores.

A composição desta primeira diretoria já apontava, em si, para a presença de uma diversidade interna à coletividade italiana que viria a reunir-se na agremiação palestrina. Ezequiel Simoni, que conduziu a reunião de fundação e foi escolhido para ocupar inicialmente a presidência do clube, já se notabilizava por seu envolvimento com atividades culturais do operariado anarquista no contexto: citado pelo historiador Edgar Rodrigues como importante organizador de atividades de propaganda junto a organizações anarquistas da época, como o Grupo Libertário Germinal e a Federação Operária de Santos, Simoni também constava envolvido com atividades teatrais anarquistas relatadas pelo jornal La Battaglia (dirigido por Oreste Ristori), e teria sido escolhido para presidir inicialmente o clube por conta de sua experiência associativa, ainda que, nas palavras de Vincenzo Ragognetti, não entendesse “patavina de futebol”.

Luigi Cervo, por sua vez, era um jovem e entusiasmado atleta que atuava, à época, pelo S.C. Internacional (clube que disputava os campeonatos oficiais do continente), mas também circulava entre grupos de italianos que atuavam nas equipes de várzea e vinham discutindo a importância de um clube que unificasse os atletas da coletividade italiana na cidade. Cervo, que ocupou inicialmente o cargo de secretário e é comumente referenciado nas narrativas oficiais do clube como um dos principais entusiastas e articuladores de sua fundação, também era funcionário das Indústrias Reunidas Francesco Matarazzo, onde certamente reuniu outros trabalhadores e os aproximou à iniciativa de fundação do Palestra Itália.

“Em 1924, por exemplo, a equipe de atletismo palestrina já contava com a presença de esportistas negros.”

Luigi Marzo e Vincenzo Ragognetti, por fim, eram notáveis exemplares das classes médias italianas da cidade: Marzo inicialmente ocupou o cargo de vice presidente da agremiação e era, de acordo com a historiadora Márcia Rorato, um “intelectual circunspecto” que circulava pelos ambientes letrados das classes médias ítalo-paulistanas, assim como Ragognetti. Este, por sua vez, era um caso típico de ascensão social: nascido em um cortiço na Santa Ifigênia, filho de pais italianos, o empenho familiar lhe permitiu a realização de estudos na Escola Americana (atual Colégio Mackenzie). Posteriormente iniciou suas atividades como jornalista, tornando-se redator do Fanfulla em 1913. Neste momento já mantinha vínculos com intelectuais como Guilherme de Almeida e Menotti del Picchia, aproximando-se nos anos seguintes também do escritor Monteiro Lobato, com quem manteve amizade, e do Movimento Modernista de 1922, publicando poesias de sua autoria na Revista Klaxon.

A notável diversidade de componentes da coletividade italiana presente na reunião de fundação complementava-se, ainda, pela presença de brasileiros sem ascendência ítala. A despeito da centralidade exercida pelo aspecto identitário italiano na formação do clube, convém destacar, por exemplo, a participação de Alfonso de Azevedo e Álvaro F. Silva (este último ocupando o cargo de “primeiro mestre de sala” na composição da primeira diretoria), nomes que saltam aos olhos por sua diferenciação em meio às alcunhas italianas que compunham a lista de sócios fundadores. 

Ao mesmo tempo, em relatos das primeiras atividades do clube nos meses seguintes à sua fundação (publicados em entusiasmadas coberturas do jornal Fanfulla) a participação de outros nomes brasileiros sem ascendência italiana visível também se fazia presente, tanto em bailes e festas sociais realizadas na sede da agremiação quanto nas fileiras de novos associados. Há de se pontuar que, no próprio estatuto redigido na reunião de fundação, o artigo 5 assegurava o direito de pessoas de quaisquer nacionalidades se associarem ao clube.

Para além da composição italiana

É certo que, nos anos seguintes à fundação, as fileiras de torcedores palestrinos se expandiram caracterizando-se ainda por uma composição majoritariamente ítala. Isto não impediu, entretanto, que se verificassem presenças distintas na composição da torcida, principalmente à medida em que o Palestra se consolidava como um clube cada vez mais popular por suas conquistas esportivas. 

Nessas primeiras décadas, um caso emblemático era o de Maria das Dores, à época conhecida como “Vovó do Pito”, uma mulher negra, ex-escravizada, que se destacava como uma das principais figuras da torcida no começo dos anos 1930. Apresentada em reportagens da época como “a maior palestrina do país”, a vovó era considerada uma figura tradicional, quase folclórica da cidade à época, tendo falecido em 1934 com a idade de 111 anos e mantendo-se até então “torcedora inflamada” do Palestra Italia.

Em um sentido parecido, a presença de atletas brasileiros sem ascendência italiana também foi aumentando progressivamente ao longo dos anos, especialmente à medida em que o Palestra Italia se consolidava como força significativa do futebol paulista. Em 1918, por exemplo, apenas três jogadores que atuavam pelo Palestra eram italianos; o restante, ainda que em sua maioria apresentasse ascendência italiana, já era nascida no Brasil.

Fotografia da “Vovó do Pito” reproduzida no Diário do Aba’xo Piques. (“Vovó do Pito deixô o Palestra!”. Diário do Abax’o Piques, n. 13, 27 jul. 1933, p. 6).

No mesmo ano, simpatizantes do clube idealizaram a composição de um hino palestrino em língua portuguesa, interpretado pela cantora Elvira Martins no Teatro Avenida, vestindo uma camisa do clube. Essa iniciativa, idealizada por Leonardo de Souza (figura atuante no circuito teatral da cidade) e J. Pereira Lima, demonstrava a existência de uma disposição crescente do clube em inserir-se na sociedade paulistana, sem isolar-se ou restringir-se à coletividade italiana.

Antirracismo

Ao longo da década de 20, por sua vez, a presença de atletas brasileiros na equipe de futebol do Palestra Italia também seria complementada pela progressiva introdução de atletas negros em outras modalidades esportivas: em 1924, por exemplo, a equipe de atletismo palestrina já contava com a presença de esportistas negros, complementada pela chegada do chamado “Bloco Cyclone”, formado por um conjunto de corredores negros, e incorporado à equipe no ano seguinte. Em 1934, o jornalista e militante negro Salathiel Campos publicaria um artigo no jornal Correio Paulistano salientando que

[…] aos elementos negros, e principalmente a Coelho Filho, deve o clube do Parque Antarctica, a maioria de suas glorias no terreno athletico. Vê-se, pois, que embora o seu aspecto colonial, o Palestra não levou a serio, ou tão longe, o preconceito da côr, chamando para as suas fileiras, como atletas, elementos brasileiros e negros, o que não faziam os chamados clubes nacionaes!

A figura de Antonio Coelho Filho, citada por Salathiel Campos, foi crucial no processo, encabeçando a equipe palestrina de atletismo. Há de se pontuar que, além de corredor, o atleta também atuou como jogador de futebol na agremiação negra A.A. São Geraldo, sediada na Barra Funda.

Os marcos da introdução de atletas negros no quadro futebolístico do Palestra Italia, por sua vez, são relativamente ambíguos, visto que convencionalmente as narrativas oficiais da S.E. Palmeiras apresentam Og Moreira como o primeiro futebolista negro da agremiação, oficialmente incorporado à equipe em 1942. Diversas evidências apontam, entretanto, para a presença de outros futebolistas negros anteriormente vinculados ao clube: de acordo com Fernando Galuppo, historiador da Sociedade Esportiva Palmeiras, há indícios da atuação de outros nomes ao longo das décadas de 20 e 30, como, por exemplo, Tatu (1925), Friedenreich (1929), Petronilho de Brito (1930), Moacir (1938) e Macaco (1940). 

Componentes sociais

Para além das pluralidades étnicas e nacionais na composição do clube, particularmente evidenciadas à medida em que o clube estabelecia uma inserção na sociedade brasileira e transcendia a italianidade como baliza identitária, também há de se mencionar a diversidade correspondente à composição social do Palestra Italia. 

Desde sua fundação, o clube notavelmente estabelecia um contraponto ao caráter elitizado do circuito futebolístico oficial da cidade, cujas ligas e campeonatos eram formados por equipes majoritariamente atreladas aos grupos economicamente dominantes. Na época de fundação do clube, eram poucos os clubes de origem popular, tais como o Club Athlético Ypiranga e o Sport Club Corinthians Paulista, que disputavam o campeonato oficial da Liga Paulista de Football (LPF). Os demais clubes formados entre as classes populares integravam campeonatos em circuitos futebolísticos paralelos aos das ligas oficiais, constituindo o ambiente já então conhecido como “futebol de várzea”.

Equipe de atletismo do Palestra Itália em 1924, em fotografia reproduzida no jornal O Malho (“Pelas associações”. O Malho, n. 1151, 4 out. 1924, p. 38).

Este foi o caso do Palestra Italia no início de suas atividades futebolísticas: o acesso da agremiação ao campeonato oficial da Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA) ocorreu apenas a partir de 1916, ocasião em que se esboçou pela primeira vez uma aproximação das elites ítalo-paulistanas junto ao clube. Até então, o Palestra caracterizava-se por um vínculo orgânico com o proletariado e as camadas médias que compunham maciçamente a coletividade italiana instalada na cidade: pois se, naqueles tempos, “quando se falava em operário, falava-se no italiano”, conforme assinalado pelo sociólogo José de Souza Martins, a agremiação palestrina dedicava-se, em seus primeiros anos, em manter-se acessível a esta classe. 

De acordo com o primeiro estatuto do clube, por exemplo, a taxa mensal cobrada aos associados era de 1$000, explicitando o caráter popular do clube em comparação às mensalidades cobradas por outras agremiações do contexto, como os 10$000 do E.C. Paulistano, clube vinculado aos segmentos de elite. 

“A popularidade do Palestra Italia entre as classes trabalhadoras ítalo-paulistanas da época também se apresenta em relatos de memória: é o caso da escritora Zélia Gattai, filha do anarquista Ernesto Gattai.”

Nestas condições, o historiador José Renato de Campos Araújo sinaliza que uma parte significativa da classe trabalhadora ítalo-paulistana rapidamente desenvolveu identificação com o Palestra Italia, constituindo uma comunidade torcedora significativamente massiva, especialmente em comparação com os clubes da elite paulistana. Conforme assinalado pelo autor, 

[…] o Palestra Italia não representava apenas uma invasão no campo de jogo de imigrantes italianos, em sua maioria originários das classes menos abastadas, mas também uma invasão nas arquibancadas de “torcedores italianos”, aficionados que se deslocavam de bairros periféricos e operários como a Moóca, o Brás, a Barra Funda e o Bexiga para acompanhar os feitos de “italianos” como eles contra a elite local. Com ele abriu-se a possibilidade de imigrantes deixarem suas origens e sentimentos étnicos transparecerem perante a sociedade receptora que, no caso da paulistana, sempre os menosprezou. 

Para além da dimensão anônima de sua marcante massividade, a popularidade do Palestra Italia entre as classes trabalhadoras ítalo-paulistanas da época também se apresenta emblematicamente em relatos de memória: é o caso, por exemplo, da escritora Zélia Gattai, filha do anarquista Ernesto Gattai, que descreve em suas memórias a popularidade da agremiação entre seus vizinhos e amigos de bairro na infância, além de apresentar a si mesma como torcedora do clube. 

Essa popularidade, expressa na adesão massiva de torcedores às partidas, certamente foi responsável por uma alteração significativa nas conotações do futebol na cidade e nas formas de vivenciá-lo. Até então, o futebol oficial praticado em praças desportivas como o Velódromo Paulista, atreladas diretamente às elites e seus modos de convivência e socialização, caracterizava-se por uma participação contida do público (à época denominada assistência). A massificação promovida por clubes de tonalidade popular, como o Palestra Italia, por sua vez, promoveu uma alteração no rito futebolístico, conforme narrados por observadores atentos da época.

O memorialista Jorge Americano, por exemplo, assinala certo assombro diante dos bondes lotados que, aos domingos, faziam a linha do Parque Antarctica conduzindo multidões dependuradas nos vagões. A célebre crônica de Alcântara Machado intitulada “Corintians (2) vs. Palestra (1)”, por sua vez, referência a explosiva participação do público nas partidas, com gritos, xingamentos e cantos dirigidos ao time de preferência, ao rival, e até mesmo aos árbitros. Essas formas de torcer, que nos remetem com familiaridade aos modos de frequentar um estádio até os nossos dias atuais, eram objeto de contundentes críticas tecidas pelos veículos de imprensa vinculados às elites. 

O antropólogo Luiz Henrique Toledo identifica tais perspectivas, à época, vinculadas ao “processo de distinção social atribuído ao esporte pelos estratos da elite”, condenando a “crescente participação extracampo das camadas populares, precocemente responsabilizadas pelo aumento das transgressões e violências”. Tratava-se, portanto, de um desprezo vinculado ao imaginário elitista sobre o esporte e suas finalidades, que identificava o ato de torcer, conforme praticado pelas camadas populares da sociedade, como uma prática nociva ao próprio futebol.

Sobre os autores

é historiador, professor e torcedor palmeirense. Mestre em História Social, é autor do livro No gramado em que a luta o aguarda: antifascismo e a disputa pela democracia no Palmeiras (Autonomia Literária, 2022).

Cierre

Arquivado como

Published in América do Sul, Análise, Esportes and Livros

DIGITE SEU E-MAIL PARA RECEBER NOSSA NEWSLETTER

2023 © - JacobinBrasil. Desenvolvido & Mantido por PopSolutions.Co
WordPress Appliance - Powered by TurnKey Linux