Mauro Mateus dos Santos, mais conhecido como Sabotage, nasceu na zona de São Paulo no dia 3 de abril de 1973. Ainda jovem se envolveu com crime e tráfico de drogas, na favela do Canão.
Durante sua adolescência, Sabotage enfrentou períodos de internação na antiga FEBEM, reflexo dos caminhos difíceis pelos quais sua vida seguia. Contudo, mesmo diante das adversidades, o rapper encontrou na música uma forma de expressão e escape. Sua trajetória artística começou a se consolidar na década de 1990, quando passou a se destacar na cena do hip-hop.
Sabotage ficou conhecido por suas letras marcantes e seu estilo único, misturando o rap com influências do samba e de outros gêneros musicais brasileiros. Sua estreia no cenário musical ocorreu com o álbum Rap é Compromisso, lançado em 2001, que se tornou um marco no rap nacional.
Incursão no cinema O invasor
O músico teve sua estreia no cinema no filme O invasor, dirigido por Beto Brant. O diretor ficou impressionado com um vídeo em que Sabotage cantava com o grupo RZO, levando-o a marcar uma entrevista. Durante essa conversa, Brant apresentou Sabotage a Paulo Miklos, cantor do Titãs que interpretou Anísio, o protagonista do filme. Apesar da descontração, Sabotage tornou-se consultor técnico, oferecendo insights sobre a vida na periferia e treinando Miklos em fala e gírias.
O roteiro foi escrito por Brant, Renato Ciasca e Marçal Aquino, autor do livro que inspirou o filme. Sabotage elogiou Aquino por representar autenticamente a vida na periferia. Convertido a ator, Sabotage passou a integrar o cenário cinematográfico, sendo reconhecido por sua influência na periferia durante as filmagens.
Parceria com Héctor Babenco em Carandiru
Héctor Babenco, diretor de “Carandiru”, conheceu Sabotage durante as filmagens do filme O invasor. A descoberta de que Sabotage era parente de um preso, o Velho Monarca, levou a uma colaboração em Carandiru. Sabotage interpretou Fuinha, contribuiu para a trilha sonora e fez parte do making of.
A parceria resultou em uma música e Sabotage também atuou como consultor técnico, organizando figurantes para cenas específicas.
Trágica morte
Na manhã de 24 de janeiro de 2003, Sabotage levou sua esposa ao ponto de ônibus antes de ser fatalmente atacado em frente ao número 1877 da avenida Professor Abrão de Morais, Zona Sul de São Paulo. Ele afirmou à esposa que iria ao Fórum Social Mundial em Porto Alegre, mas, ao entrar no carro, foi abordado e baleado quatro vezes. Os tiros atingiram sua coluna vertebral, mandíbula e cabeça. Encontrado ao lado de seu carro, às 5h50, foi reanimado por 30 minutos no Hospital São Paulo, mas não resistiu devido à gravidade dos ferimentos.
Especulações sobre as causas do assassinato incluíam seu envolvimento anterior com o crime, embora amigos e familiares discordassem, argumentando que Sabotage havia abandonado essa vida cerca de 10 anos antes de sua morte. O enterro, no dia 25 de janeiro de 2003, foi fechado à imprensa por decisão de sua esposa, Maria Dalva da Rocha Viana.
Vida pessoal e últimos anos
Conhecido como “Sabota”, o rapper nunca escondeu seu passado envolvimento com atividades ilícitas. Em depoimentos à Revista MTV de agosto de 2002, ele afirmou:
“Moro na favela desde os 2 anos e, dos 8 aos 19, andei no crime que nem louco. Saí por causa de Deus, porque polícia não intimidava, tapa na orelha só deixa a criança mais nervosa”.
Sabotage estava em uma fase tranquila de sua vida. Na comunidade do Boqueirão, no bairro Jardim da Saúde, em São Paulo, Sabotage viveu os últimos três anos em vida com seus filhos, Wanderson do Santos e Tamires do Santos.
Julgamento do assassino
O julgamento do assassino de Sabotage estava programado para começar em 28 de abril de 2010, cerca de 7 anos e 3 meses após o crime. No entanto, foi adiado para 12 de julho devido à ausência de uma testemunha crucial, de acordo com a juíza Fabíola Oliveira Silva.
O processo foi retomado na nova data, durando dois dias. O suspeito, Sirlei Menezes da Silva, defendeu-se negando ser o responsável pela morte de Sabotage, atribuindo a culpa ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
A defesa questionou as provas e a conduta policial no inquérito, enquanto a acusação alegava que Sirlei havia celebrado o assassinato do rapper.
Em 13 de julho de 2010, por volta das 17h30, o júri se reuniu para deliberar, e aproximadamente às 18h, o veredicto foi anunciado: Sirlei Menezes da Silva foi condenado a 14 anos de prisão.
No dia 24 de janeiro deste ano, completaram-se 21 anos desde que Sabotage nos deixou. E hoje completa 51 do seu nascimento. O rapper foi quatro vezes vencedor do Prêmio Hutúz:
– 2002: Revelação
– 2002: Personalidade do Ano
– 2009: Maiores Revelações da Década
– 2009: Maiores Artistas Solo da Década
Dois filmes constam em seu currículo:
– 2002: O invasor como ele mesmo
– 2003: Carandiru como Fuinha
Além disso, ele lançou um álbum de estúdio em 2000, intitulado Rap É Compromisso!, e um álbum póstumo em 2016 chamado Sabotage. Hoje, a família lançou o álbum Sabotage 50 anos em homenagem ao maestro do Canão no encerramento do cinquentenário. O lançamento traz 9 faixas, sendo 7 delas inéditas, e 1 videoclipe especial. O material está disponível em todas as plataformas.
Obrigado, Maestro!
Esse perfil em homenagem aos 51 anos de Sabotage foi escrito em parceria com a RapVibe Magazine.
Sobre os autores
é um estudante paulista e o criador do projeto "RapVibe Magazine". Como idealizador e redator dessa iniciativa, ele combina sua paixão pela música e sua habilidade na escrita para oferecer aos leitores uma visão única do mundo do rap. Seu trabalho na revista reflete sua dedicação em promover artistas e temas relevantes dentro da cultura hip-hop.