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(Reprodução)

A vitória de Erundina mostra que viradas históricas acontecem

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Em 1988, contra todas as crenças e probabilidades, Luiza Erundina, uma candidata socialista nordestina, derrotou o "filhote da ditadura" Paulo Maluf na reta final. Agora, Guilherme Boulos está prestes a repetir o mesmo fenômeno e derrotar o "filhote do bolsonarismo" Ricardo Nunes na maior capital da América Latina.

A cidade de São Paulo se encontra diante de uma eleição decisiva. De um lado, um projeto comprometido com um passado recente de autoritarismo, de atentado contra a democracia e de precarização da classe trabalhadora. De outro lado, uma alternativa de mudança pela esquerda que, ao barrar o avanço da extrema direita, garante melhores condições para que siga a organização e a luta dos setores mais vulneráveis da população.

O parágrafo acima pode descrever, de forma muito breve, tanto a eleição de 1988, que deu a vitória a Luiza Erundina, quanto a eleição de 2024, onde estamos na luta para eleger Guilherme Boulos. Naquela época, ninguém acreditava que uma candidata mulher, nordestina e do PT pudesse vencer. A direita mal disfarçava a postura de “já ganhou”, sem considerar que viradas históricas acontecem. 

“A cidade que elegeu uma mulher nordestina de esquerda em uma virada histórica pode, sim, eleger um prefeito do PSOL, oriundo do movimento social, contra toda a máquina da prefeitura e do governo estadual.”

Sem baixar a cabeça, Erundina conduziu uma campanha combativa e propositiva, atraindo a esperança de um outro futuro para a maior cidade da América Latina. Sua vitória impediu que Paulo Maluf, o “filhote da ditadura”, como dizia Brizola, ocupasse a cadeira de prefeito. Agora, 36 anos depois, a luta para que Boulos vença pode impedir que o “filhote de Bolsonaro” siga em uma cadeira que só lhe coube ocupar devido a uma tragédia pessoal.

A cidade que, nos estertores da ditadura, derrotou o seu representante de forma surpreendente carrega em si o poder de reescrever novamente essa história e derrotar o representante das forças de extrema direita que defendem o regime de exceção até hoje. A cidade que elegeu uma mulher nordestina de esquerda em uma virada histórica pode, sim, eleger um prefeito do PSOL, oriundo do movimento social, contra toda a máquina da prefeitura e do governo estadual.

Não existe eleição ganha ou perdida até que cada voto esteja na urna. Que o exemplo da vitória e da luta de Erundina inspire ainda mais a militância aguerrida do PSOL e dos demais partidos, que está nas ruas travando uma batalha para eleger Boulos e, assim, enfraquecer a extrema direita em São Paulo e garantir uma melhor correlação de forças para seguir a luta em defesa dos trabalhadores, das populações oprimidas e dos mais vulneráveis.

Sobre os autores

é presidente da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, e deputada estadual no Rio Grande do Sul

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Published in América do Sul, Análise, DESTAQUE, História and Política

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