Durante anos, os democratas sabiam que estavam perdendo a classe trabalhadora branca. Sua complacência surgiu da convicção de que eles podem compensar isso ganhando entre os universitários e mantendo o controle do voto minoritário, o que realmente significa eleitores negros e latinos.
Essa tem sido a base social do identitarismo fracamente populista da era pós-Obama; antirracismo homeopático para as minorias e a multidão de universitários suburbanos e algumas migalhas para a classe trabalhadora branca, apenas o suficiente para mantê-los presos aos dramas do dia-a-dia. O que vemos nesta última eleição é o fim dessa estratégia. A saída da classe trabalhadora branca do partido está agora em grande parte completa; além disso, Donald Trump parece ter se recuperado até mesmo entre os latinos e fez incursões com os homens negros também.
Mas a história real é mais profunda. Não são as minorias em si que estão desertando. Parece estar especialmente concentrada entre as minorias da classe trabalhadora. Kamala Harris ainda venceu Trump nos apelos aos eleitores minoritários não universitários, mas as pesquisas de boca de urna indicam que sua liderança encolheu em 33% em comparação com a de Joe Biden. O voto latino foi de 71% democrata em 2008 para 66% em 2016 e 53% nesta eleição.
O foco da mídia tem sido, é claro, sua natureza de gênero, mas a história real é que a rejeição aos democratas é basicamente um fenômeno econômico. São os latinos da classe trabalhadora que estão liderando a marcha para o Partido Republicano, e se você quiser saber o porquê, pergunte a eles — eles dizem que são por causa de suas preocupações econômicas.
Analisando o conjunto da obra, esses dados mostram que a alienação do partido em relação à classe trabalhadora está agora se estendendo além das linhas raciais. Não está perdendo apenas trabalhadores brancos, mas todos os trabalhadores, independentemente da raça. Essa mudança na composição do Partido Democrata só fortalecerá a inclinação para marginalizar a ala de Bernie Sanders e se concentrar cada vez mais ferozmente em puxar os “Republicanos Liz Cheney” para a base eleitoral, uma vez que eles se unirão aos eleitores da classe profissional que o partido atende.
Os socialistas ainda podem usar a linha de votação do Partido Democrata como trampolim para a política convencional? Somente se ele ouvir a mensagem, ofuscantemente clara, que os eleitores lhes enviaram: branco, preto ou marrom, é a economia, estúpido! É a lição de um século de luta, só precisamos de uma esquerda que seja capaz de entendê-la.
Sobre os autores
é professor de sociologia na New York University. Seu livro mais recente, ‘Postcolonial Theory and the Specter of Capital’ [“Teoria Pós-colonial e o Espectro do Capital”] acaba de ser publicado pela editora Verso.