A esperança dos negros americanos é o socialismo. Caso contrário, sob as regras corporativas da riqueza monopolizada, eles serão confinados ao mais baixo grupo salarial tão longo que a riqueza dominar. Isso, a maioria dos negros não percebe.
Eu mesmo, por muito tempo, enfatizei as empresas privadas dos negros; porém, eu logo percebi que uma economia coletiva se fazia necessária para nossa proteção. Então, voltei-me às cooperativas de consumidores como um mecanismo de defesa e, em determinado momento, cheguei a ajudar a começar cinquenta experimentos espalhados por toda nação, com sucesso especial em Memphis. Esses acabaram falhando, uma vez que cooperativas de consumidores falham ou estão falhando ao redor da nação, pois sem suporte do Estado não conseguem suceder. Pondo em outras palavras: cooperação clama por socialismo, e socialismo, hoje, usa a cooperação na produção e no consumo. É por isso que o socialismo se espalha e até se move rumo ao seu ideal: o comunismo — a cada um de acordo com suas necessidades; a cada um de acordo com suas habilidades.
“Não fosse pela guerra e pelas preparações para guerra, que toma 78% da nossa taxação, socialismo e impulsionamento de educação, saúde e vivência digna aumentariam aos saltos.”
Desde os tempos do Freedmen’s Savings Banks [Caixa Econômica do Homem Liberto, em tradução livre], negros americanos têm sido ensinados que trabalho, economia, poupança, capital privado e exploração do trabalhador eram o único caminho direto para salvação econômica. Agora o mundo descobriu as armadilhas deste caminho e está se virando progressivamente para o socialismo e isso não é ensinado hoje para crianças e adultos negros. Pelo contrário, eles estão sendo levados a crer que o comunismo é um crime e que socialismo é sua sombra enganosa.
A maioria dos negros não percebe como o socialismo tem avançado no mundo e até mesmo nos Estados Unidos. Quase todas as nações civilizadas detêm suas próprias ferrovias e seus meios de comunicação; casas e moradias mobiliadas, parques e recreação; luz e energia elétrica; escolas e hospitais. Metade do mundo vai além disso e detém todo o capital, tendo abolido a propriedade privada. Este plano de trabalho e rendimento tem sido de difícil execução por causa da ignorância e falibilidade humana, e porque a tentativa de socializar a indústria tem enfrentado oposição e menosprezo das então nações mais poderosas do mundo.
Não obstante, os Estados Unidos por si só tem aumentado a supervisão de suas rodovias, seus telégrafos e telefones; tem aumentado sua posse de poder público; tem o controle de vastas áreas da educação e detém progressivos blocos de capital. Não fosse pela guerra e pelas preparações para guerra, que toma 78% da nossa taxação, socialismo e impulsionamento de educação, saúde e vivência digna aumentariam aos saltos.
Ainda assim, negros há muito tempo tem sido ensinados que seus interesses políticos residem em nomeações para cargos políticos relativamente menores. Ao contrário, nós estamos interessados em parar esse medo sem sentido do socialismo e comunismo e essa ideia maluca de que controlamos o pensamento e o esforço humano por meio de guerras sem fim. Vote pela redução radical dos gastos militares e pela triplicação do nosso gasto com educação, saúde e felicidade. Nós iremos dividir a prosperidade desta nação mais equanimemente quando tivermos mais do que dividir.
Nós sofremos descriminação no direito ao voto, na educação e no acesso à saúde, emprego e salário. Mas é pelo voto que podemos bater de volta contra a descriminação e superar todas as outras dores, não pela boa vontade de nossos colegas, mas por nossos próprios esforços. Votemos por todos os meios que avancem o socialismo e contra toda e qualquer rendição ao poder do acúmulo de capital.
Nós devemos votar contra (ilegível) do poder público às corporações privadas. Nós devemos votar por mais propriedade pública e não menos; nós devemos votar para taxar riquezas para que possamos aumentar a renda dos pobres. Nossos votos não deveriam mais ser vendidos por cargos públicos, mas tão somente pelo avanço do Estado de bem estar social.
Sobre os autores
foi um sociólogo, historiador, comunista, autor e editor. Du Bois recebeu um diploma em 1888 pela Universidade Fisk, e um segundo diploma pela Harvard em 1890. Depois de dois anos de estudo na Universidade de Berlim, recebeu seu Ph.D (título de doutor) pela Harvard em 1895.