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Há uma preocupação comum de que a IA seja usada como uma tecnologia de economia de mão de obra que resulta em perda generalizada de empregos e deslocamento. (Bill Varie / Getty Images)

A solução para o desemprego impulsionado por IA é um robusto Estado de bem-estar

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Tradução
Sofia Schurig

A ideia de que a Inteligência Artificial (IA) acabará com todos os nossos empregos está gerando muitas manchetes apocalípticas. Não é surpresa o porquê: em uma sociedade sem um Estado de bem-estar social igualitário e políticas pró-trabalhador, a realocação de mão de obra pode ser um desastre.

O recente lançamento de aplicativos de Large Language Model (LLM) [Modelo de Linguagem Grande] como o ChatGPT gerou um discurso considerável sobre como a sociedade e o governo devem responder à tecnologia.

Alguns têm receio de que a tecnologia LLM crie companheiros de inteligência artificial que possam se tornar um novo tipo de vício, uma vez que algumas pessoas podem ser tão sugadas por eles que podem interromper o funcionamento normal de forma prejudicial, especialmente quando se trata de criar e manter laços sociais relevantes. Outros temem que a tecnologia LLM possa ser usada por agentes mal-intencionados ou talvez se tornar tão avançada que se torne capaz de ação maliciosa independente.

Mas, no momento, a preocupação mais comum que você ouve, que também é a mais imediata, é sobre os LLMs serem usados como tecnologia de economia de mão de obra que resulta em perda generalizada de empregos e deslocamento.

Toda vez que uma nova tecnologia ou uma nova proposta econômica requer uma realocação significativa de mão de obra – como a eliminação gradual dos combustíveis fósseis ou a criação de um sistema público universal de seguro de saúde – vemos exatamente esse mesmo discurso. É um discurso estranho na medida em que nunca muda realmente, mas também tratamos cada instância dele como se fosse uma coisa nova que requer uma resposta nova.

O problema da realocação de empregos é um problema geral, que está enraizado no fato de que nossa renda nacional é distribuída principalmente usando pagamentos de fatores ao trabalho e ao capital. Quando as pessoas perdem seus empregos, seus pagamentos de fator de trabalho são reduzidos para zero até que encontrem um novo emprego.

Encontrar um novo emprego também pode ser difícil se os tipos de trabalhos que uma pessoa tem o poder de fazer estão diminuindo em número devido às mudanças tecnológicas. Uma vez que um novo emprego é encontrado, os pagamentos de fator que fluem para ele também podem ser significativamente menores do que os pagamentos de fator que fluíram para o trabalho anterior da pessoa.

Essa constelação de questões não é restrita a um pequeno grupo de pessoas, nem é restrita a eventos únicos de perda de emprego em massa. Em um ano típico, há cerca de vinte milhões de eventos de desemprego nos Estados Unidos, definidos como o número de vezes que uma pessoa passou de empregada em um mês para desempregada no mês seguinte.

Taxa de demissões nos Estados Unidos entre 2013 e 2022. À esquerda, lê-se “milhões”, em razão do número de milhões de pessoas demitidas naquele ano.

A solução para este problema é bastante simples e conhecida. Conceder aos desempregados prestações pecuniárias para substituir os salários anteriores. Dê-lhes assistência na procura de emprego e na reciclagem para os ajudar a encontrar um novo emprego. E, possivelmente, dar-lhes seguro salarial para garantir que, se acabarem realocados em um emprego com salários mais baixos, possam receber benefícios para compensar parte da diferença, pelo menos por algum tempo.

Quando você pergunta ao ChatGPT “que tipos de programas de bem-estar poderiam ajudar as pessoas que sofrem perda de emprego e salários mais baixos por serem deslocados pela inteligência artificial”, ele realmente dá a mesma resposta:

À medida que a inteligência artificial continua a avançar, pode levar ao deslocamento de empregos e salários mais baixos para alguns trabalhadores. Para auxiliar as pessoas afetadas por essas mudanças, os governos podem implementar vários programas de bem-estar destinados a facilitar a transição e apoiar os trabalhadores à medida que se adaptam ao novo cenário de trabalho. Alguns programas de bem-estar potenciais incluem:

  1. Subsídio de desemprego: Prestar assistência financeira aos trabalhadores que perderam o emprego, permitindo-lhes satisfazer as necessidades básicas enquanto procuram novas oportunidades de emprego.
  2. Seguro salarial: Como mencionado anteriormente, os programas de seguro salarial podem ajudar os trabalhadores que encontram novos empregos com salários mais baixos, compensando-os por uma parte da diferença entre seus salários anteriores e atuais por um período limitado.
  3. Programas de treinamento e requalificação profissional: Investir em programas de treinamento para ajudar os trabalhadores deslocados a adquirir novas habilidades que estão em demanda, tornando-os mais competitivos no mercado de trabalho.
  4. Subsídios e subvenções à educação: Oferecer assistência financeira aos trabalhadores para prosseguirem os seus estudos, incluindo diplomas universitários ou formação profissional, a fim de melhorar as suas perspectivas de emprego.
  5. Serviços de aconselhamento de carreira e colocação profissional: Fornecer orientação e apoio para ajudar os trabalhadores a navegar no mercado de trabalho, identificar novas oportunidades e encontrar emprego adequado.

A isto, gostaria de acrescentar alguns pontos.

  • O seguro salarial é a resposta conceitualmente clara sobre como amortecer o choque de renda de alguém sendo realocado em um emprego com salários mais baixos, mas esse é um programa muito incomum no mundo. Na verdade, não conheço nenhum país que tenha um programa de seguro salarial significativo em seu estado de bem-estar social.
  • De modo geral, a possibilidade de uma pessoa ser reconduzida para um emprego com remuneração inferior à sua atual é uma função do grau de desconforto ou descompressão da escala salarial de uma sociedade, bem como da renda e do pacote de consumo de cada indivíduo em relação ao seu emprego atual. Em sociedades com salários muito comprimidos e Estados de bem-estar social universais robustos — como as sociedades nórdicas — as diferenças finais entre as diferentes posições no mercado de trabalho são relativamente pequenas, tornando matematicamente difícil para as pessoas experimentarem um grande corte em seu padrão de vida devido à mudança de emprego. Nos Estados Unidos, ocorre o contrário.

Minha escrita frequentemente volta a esse mesmo ponto, mas isso é porque realmente é a solução para grande parte da angústia econômica que as pessoas experimentam e se preocupam nos Estados Unidos. Uma sociedade igualitária com um Estado de bem-estar social robusto cria o tipo de estabilidade e padrões mínimos de vida que tiram o peso financeiro de coisas como desemprego, realocação de trabalho, deficiência, velhice e ter filhos.

Precisamos desse tipo de sociedade em todos os momentos, não apenas durante eventos de realocação de mão de obra como o que a inteligência artificial pode causar.

Sobre os autores

é o fundador do People's Policy Project.

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Published in América do Norte, Análise, Capital, Tecnologia and Trabalho

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